Gianotti diz que é contra política de cotas para negros nas universidades

28/04/2004 - 16h04

Marina Domingos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Foi em tom de pessimismo que o professor José Arthur Gianotti, da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) conduziu sua palestra durante o terceiro debate promovido pelo Ministério da Educação (MEC) para elaborar a proposta de Reforma Universitária.
Ele se declarou, ainda, contra a política de cotas para alunos negros nas universidades. Defendeu a criação de um fundo para garantir a entrada dos estudantes das classes mais baixas ao ensino superior.
"Essa discussão é muito mais para despertar a consciência de que hoje temos um sistema universitário que está à beira da falência", disse o professor. Para Gianotti a decisão de "reformar" a universidade pública brasileira passa mais pelo campo da política do que das idéias. "Nós não vamos transformar as universidades se não tivermos políticas capazes de colocar os desejos da sociedade em relação à universidade e vice-versa".

Segundo ele é preciso respeitar a diversidade existente entre as instituições que possuem diferenças regionais. "Temos que abandonar a idéia de que a universidade, numa única unidade terá ensino, pesquisa e extensão", alerta Gianotti.

O professor disse ainda ser contra a política de cotas para alunos negros nas universidades, mas a favor de ações afirmativas de uma forma geral. Ele acredita que o acesso dos estudantes ao ensino superior se dará de forma homogênea, se respeitado o espaço público. "Sou contra as cotas das universidades, acredito que a criação de um fundo possa trazer o estudante das classes mais baixas para dentro das instituições", considera.