Brasília, 27/04/2004 (Agência Brasil - ABr) - O governo federal apresentou hoje a uma comissão de deputados e senadores os detalhes sobre a operação de envio de 1.200 soldados brasileiros ao Haiti. Os militares vão comandar a tropa de paz das Nações Unidas naquele país, e devem embarcar no início de junho.

Os parlamentares tinham uma série de dúvidas sobre a operação, especialmente com relação aos custos - que são calculados pelo governo entre R$ 140 milhões e R$ 150 milhões. Os ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores; José Viegas, da Defesa, e Aldo Rebelo, da Coordenação Política, fizeram a exposição aos parlamentares, e defenderam que o comando das tropas no Haiti será positivo para a imagem do Brasil no exterior, assim como ajudará o país a ocupar de maneira definitiva uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.

O líder do Governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), deixou o encontro satisfeito com as explicações. "Todos nós concordamos, achamos que é fundamental para o papel de liderança que queremos desempenhar em nosso continente estarmos participando no comando dessas tropas de paz no Haiti", disse o líder.

Os parlamentares também manifestaram tranqüilidade ao constatar que parte dos recursos gastos pelo governo na operação serão ressarcidos pelas Nações Unidas. Depois de três meses de operação no Haiti, o governo brasileiro terá de volta uma parcela dos recursos aplicados no envio de pessoal. Após seis meses da missão de paz, a ONU vai devolver parte do dinheiro gasto com equipamentos.

O Congresso Nacional vai dar a palavra final sobre o envio das tropas, depois que o governo encaminhar ao Legislativo projeto de lei com os detalhes da operação no Haiti. "Faremos um esforço para que seja aprovado, e nem precisamos dialogar com a oposição, porque queremos que isso seja uma questão nacional, do país, na sua relação com o nosso continente", ressaltou o líder do Governo, deputa Professor Luizinho.

O convite para o Brasil chefiar as tropas de paz no Haiti foi transmitido ao presidente Lula pelo presidente da França, Jacques Chirac, no início de março. As tropas brasileiras vão atuar na segunda fase de operações da ONU no Haiti, para auxiliar diretamente na reconstrução do país, ao lado de militares canadenses, franceses, norte-americanos, dos países da Comunidade Caribenha e argentinos.

Há dois meses, o Haiti viveu uma guerra civil interna que resultou na renúncia do presidente Jean-Bertrand Aristide.