Economista do BC estima déficit em transações correntes neste mês

27/04/2004 - 12h25

Brasília, 27/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - O balanço das contas do setor externo em março, divulgado hoje pelo Banco Central, informa que as transações correntes (importações, exportações, pagamentos e receitas de serviços e rendas) obtiveram superávit de US$ 817 milhões, o que elevou o saldo do trimestre para US$ 1,683 bilhão, ou 1,11% do Produto Interno Bruto (PIB). "Foi um resultado bastante expressivo", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Ele estima, porém, que em abril a conta será deficitária em cerca de US$ 450 milhões, por causa da concentração de vencimentos de juros no período.

Apesar do bom comportamento das transações correntes, o balanço de pagamentos registrou déficit de US$ 1,270 bilhão no mês passado, por ter a conta financeira contabilizado saídas líquidas de US$ 1,753 bilhão. A começar pelos gastos líquidos com serviços externos, que somaram US$ 364 milhões, 13,6% a mais que em março de 2003. A maioria por conta de transportes, aluguel de equipamentos, "royalties" e licenças.

As remessas líquidas de renda para o exterior chegaram a US$ 1,72 bilhão no mês passado, com crescimento de 39,1% em relação a março de 2003. Foram US$ 828 milhões de remessas de renda de investimento direto (lucros, dividendos e juros), US$ 586 milhões de renda de investimentos em carteira e US$ 306 milhões em renda sobre outros investimentos.

Altamir Lopes destacou, também, o resultado "bastante confortável" dos investimentos diretos estrangeiros, que somaram US$ 703 milhões em março, com crescimento de 147,7% na comparação com os US$ 284 milhões obtidos em março do ano passado, e que chegaram a US$ 2,719 bilhões no trimestre. Ele adiantou que esses investimentos já somam US$ 350 milhões até ontem (dia 26), devendo chegar a US$ 500 milhões no mês.

O economista do BC revelou que as reservas internacionais sofreram queda de US$ 1,347 bilhão em março. Totalizam, agora, US$ 51,612 bilhões. A redução foi provocada, basicamente, pela amortização de US$ 1,4 bilhão junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Enquanto isso, a dívida externa consolidada até janeiro mostra aumento de US$ 1,323 bilhão em relação aos números de dezembro. Houve crescimento de 0,6%, o que elevou a dívida para US$ 216,253 bilhões, dos quais US$ 196,072 bilhões correspondem à dívida de longo prazo e US$ 20,185 bilhões são obrigações de médio e curto prazos.