Milena Galdino
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os dez anos do fim do apartheid na África do Sul – regime de segregação racial vigente de 1948 a 1994 – serão lembrados na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, durante a instalação do Grupo Parlamentar Brasil-África.
O grupo deve agregar as seis frentes bilaterais que já existem na Câmara para Angola, Líbia, Tunísia, Marrocos, África do Sul e Guiné Bissau, além de abrir o espectro para o restante do continente. "Esse grupo vai unificar as ações que já existem e vai trabalhar diretamente com as embaixadas e representações de todos os países africanos, integrando empresários, estudantes e investidores", prevê o deputado Gilmar Machado (PT/MG), idealizador do novo grupo. A lista final com os integrantes deve ser concluída no final do dia, após a reunião de instalação.
Atuação
Segundo o deputado mineiro, educação, saúde e comércio são as três áreas onde há maior urgência de intercâmbio. Atualmente, o País envia ao continente africano professores e material para formação profissional e recebe nas universidades federais milhares de estudantes vindos de lá. Ao mesmo tempo, o Ministério da Educação trabalha na modificação do ensino da história dos ascendentes africanos no Brasil. "Estamos passando a contar a história do negro sob o prisma dos próprios africanos", avalia o deputado, que, por ser professor da disciplina e membro do Núcleo de Parlamentares Negros do PT, acompanha de perto a alteração do material didático.
Na saúde, o maior ponto de integração entre o Brasil e a África refere-se ao envio de drogas anti-retrovirais para o combate à Aids e de vacinas contra doenças tropicais, acertado durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Moçambique, no final do ano passado. "A fábrica de remédios construída em convênio com o Ministério da Saúde está saindo do papel e fica pronta ainda neste ano", informa o deputado, lembrando que um acordo prevê que os países comprarão os medicamentos da fábrica brasileira.
Em contrapartida às doações e investimentos, o continente é um convite aos investidores do Brasil. "Há espaço para as indústrias de petróleo, construção de usinas hidrelétricas, estradas, há empregos para especialistas e técnicos", enumera Gilmar Machado. "Começamos a exportar para países antes distantes do mercado brasileiro", reitera o parlamentar.