Cardiologista denuncia na Rádio Nacional falta de medicamentos para hipertensos

26/04/2004 - 17h54

Caio d' Arcanchy
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O déficit de medicamentos para hipertensos no país faz com que 58% dos indivíduos com diagnóstico de hipertensão arterial não tomem medicamentos para se cuidar. A informação foi divulgada pelo diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Raimundo Marques do Nascimento, em entrevista à Rádio Nacional. No dia Nacional de de Prevenção e Combate à Hipertensão, Nascimento fez um alerta: "se não forem adotadas medidas preventivas para o combate às doenças cardiovasculares, o número de mortes por complicações cardíacas poderá chegar a 55% em 16 anos". Os dados foram obtidos com base em estudos da Fundação do Coração e da Organização Mundial de Saúde.

Nascimento revelou que a Sociedade Brasileira de Cardiologia está solicitando ao Ministério da Saúde que incentive a distribuição de medicamentos hipertensivos para a população, por meio das farmácias populares. Segundo ele, o custo do medicamento é extremamente baixo se comparado aos gastos do SUS com pacientes infartados ou vítimas de derrames. "A hipertensão provoca o infarto agudo e o derrame cerebral. Isso normalmente deixa o indivíduo com seqüelas para o resto da vida", diz.

A única forma de detecção da hipertensão é medindo a pressão arterial. Os cardiologistas alertam os indivíduos acima de 18 anos que façam o teste regularmente. "É recomendado um exame a cada ano para as pessoas saudáveis. Quem tem histórico de hipertensão deve fazer o teste semestralmente ou todos os meses, dependendo do caso", avisa.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia produziu vídeos para alertar a população sobre os riscos da hipertensão. Dados indicam que até 9% da população de crianças e de adolescentes apresentam diagnósticos de hipertensão arterial. Por isso o público alvo desses vídeos é formado por crianças e jovens. "A falta de atividades físicas somada à má qualidade dos alimentos que os jovens consomem tem contribuído para esse número. Temos que mudar esses hábitos antes que a previsão da OMS [de que uma pandemia de hipertensos se consolide em 2020] não se consolide".