Nádia Faggiani
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo brasileiro quer liderar um trabalho de cooperação regional na América do Sul de controle da água de lastro dos navios, responsável por transportar espécies aquáticas de um continente para outro, provocando problemas ecológicos, econômicos e à saúde.
O Brasil vai apresentar amanhã a representantes dos governos do Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile e Colômbia, que participam de um workshop no Hotel Saint Paul, em Brasília, o modelo de gerenciamento brasileiro para a água de lastro e o levantamento preliminar das espécies exóticas encontradas no país. De acordo com o biólogo Flávio Fernandes, do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, dentre mil espécies estudadas que fazem parte do ecossistema marinho brasileiro, 12 foram identificadas como exóticas, trazidas em navios que chegam de outros países. "Hoje a Anvisa exige que os navios que chegam ao Brasil entreguem um documento informando a quantidade de água de lastro que o navio possui e a quantidade que será lançada ao mar, como forma de prevenção", afirma Flávio Fernandes.
A finalidade do workshop, que começou hoje e termina na quarta-feira, é envolver os países da América do Sul no programa GloBallast (Programa Global de Gerenciamento de Água de Lastro), desenvolvido pela Organização Marítima Internacional (OMI). "Não podemos resolver o problema do Brasil e deixar os outros países da região de fora. Precisamos lembrar que o mexilhão dourado é uma espécie que entrou no Brasil vindo da Argentina", explica Flávio Fernandes. O mexilhão dourado é um molusco originário da Ásia que invadiu os rios brasileiros nas regiões Sul e Centro-Oeste.
Para diminuir os riscos das espécies que são transportadas por meio da água de lastro, mais de 200 países aprovaram, em fevereiro passado, a Convenção da Organização Marítima Internacional. A Convenção ainda não foi implementada porque precisa da ratificação dos países e de que algumas regras comuns sejam definidas, como o modo de tratamento da água de lastro.
O programa GloBallast é formado por um país de cada continente, sendo participantes Ucrânia, Índia, África do Sul, China, Irã e Brasil.