Brasília - O Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead), órgão do Ministério do Desenvolvimento Agrário, lançará às 15h, durante a 18ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, um livro que pretende ampliar as discussões em torno da questão fundiária. "Impactos dos Assentamentos - um estudo sobre o meio rural brasileiro", realizado em parceria com a Fundação Editora Unesp, é o único lançamento sobre o tema na Bienal e se baseia em pesquisas realizadas em 2000 e em 2001.
Um dos objetivos do lançamento é desmistificar as convenções segundo as quais os assentamentos rurais são tratados como "favelas rurais" ou mesmo como exemplo de políticas assistenciais. Essa idéia distorcida, segundo os coordenadores nacionais da pesquisa – os professores Sérgio Leite, Beatriz Heredia, Leonilde Medeiros, Moacir Palmeira e Rosângela Cintrão –, oculta o significado dessas comunidades e empobrece, ao invés de aprofundar, o debate sobre suas complexidades e desafios.
Os pesquisadores ouviram integrantes de 92 assentamentos em 39 municípios de regiões com elevada concentração de projetos de assentamento e alta densidade de famílias assentadas por unidade territorial: sul da Bahia, entorno do Distrito Federal, sertão do Ceará, sudeste do Pará, oeste de Santa Catarina e zona canavieira nordestina. Nestes locais estão 15.113 famílias assentadas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) entre 1985 e 1997.
A pesquisa examina os processos de mudanças socioeconômicas provocados pelos assentamentos da reforma agrária não no agronegócio ou nas importações, mas nas regiões onde estão inseridos, incluindo os pequenos mercados. E mostra a repercussão desses impactos, a médio e longo prazo, no combate à pobreza em comunidades com poucas alternativas de emprego e baixa escolaridade. Os dados apontam, também, que cerca de 90% da população maior de 14 anos trabalham no lote e o número médio de pessoas envolvidas nas atividades agrícolas e não-agrícolas (educação, saúde, construção) chega a três assentados por lote. Ou seja, além de gerar empregos para a família, os assentamentos proporcionam trabalho para outras pessoas, indicando grande contribuição da reforma agrária para o desenvolvimento rural.
As informações são do Ministério do Desenvolvimento Agrário