Presidente da Funai diz que Cinta-Larga luta pelo seu direito

19/04/2004 - 19h39

Brasília, 19/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, disse hoje, durante as comemorações do Dia do Índio, que a instituição vai defender os Cinta-Larga envolvidos no confronto com garimpeiros na reserva indígena Rossevelt, no sul de Rondônia. Segundo ele, os índios estão se confrontando com os garimpeiros porque lutam pelos seus direitos. "Nós temos que entender que o território indígena não é como uma propriedade privada. As terras dos povos indígenas são uma extensão de sua vida, de sua cultura. Eles têm que lutar por ela", afirmou Mércio, ao comentar a possibilidade de os índios serem condenados pelas mortes dos garimpeiros.

Ele criticou, no entanto, os ataques e o número de mortes na região e pediu paz. "Nenhuma guerra deveria acontecer. Deveria existir mais paz no país", acrescentou. Até agora, o confronto em Rondônia já gerou a morte de 29 garimpeiros. Os índios vêm tentando expulsá-los há cerca de 15 dias. Mércio garantiu que a Funai está na região na tentativa de minimizar o confronto e instalar a paz.

Mércio Pereira Gomes garantiu não haver envolvimento ilegal do representante da Funai em Rondônia, Walter Bloss, com garimpeiros daquela região, como tem sido notificado pela imprensa. "Não é justo acusarem o Walter Bloss. É uma questão desumana. A vida dele já foi escaneada e não foi encontrada nenhuma coisa que opine contra a dignidade deste servidor".

Hoje, em comemoração ao Dia do índio, os Correios e a Funai lançaram selo em homenagem ao sertanista Orlando Villas Boas, que morreu em 2002. Villas Boas dedicou 50 anos de sua vida à proteção dos povos indígenas brasileiros. Até o dia 23, a Funai realiza eventos para comemorar o Dia do Índio.

Na cerimônia, o cacique Damião, da etnia Xavante, pediu mais compromisso por parte do governo com as causas indigenistas. Destacou que os índios estão, há muitos anos, a mercê da sociedade, esperando a consolidação de ações dos governantes. "O governo tem que seguir a lei e atender as reivindicações indígenas", disse o cacique.

Amanhã (20), às 9h30, no auditório da Funai, haverá a exibição de um vídeo para contar a história da etnia Xavante. Às 10h30, será exibido o filme "A uwê Uptabi – O Povo Verdadeiro". No dia 22, também na Funai, serão lançados os livros "Aldeamento do carretão segundo seus herdeiros tapuios – Conversas gravadas em 1980 e 1983", de Rita Heloísa de Almeida, e "Linhas telegráficas e integração de povos indígenas: as estratégias políticas de Rondon", de Elias dos Santos Bigio. No dia 23, às 9h30, no auditório da instituição, haverá apresentação de dança Xavante.