Indios tentam amanhã marcar audiência com o presidente Lula

19/04/2004 - 16h46

Brasília, 19/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os deputados Carlos Abicalil (PT-MT), Fernando Ferro (PT-PE) e Eduardo Valverde (PT-RR) acompanham amanhã de manhã uma comissão de índios de várias etnias a uma audiência no Palácio do Planalto, com o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. No encontro, previsto para as 9 horas, os índios tentarão marcar uma audiência com o presidente Lula. Em seguida, eles irão ao Ministério da Justiça para uma reunião com o ministro Márcio Thomaz Bastos, às 10 horas.

Hoje, cerca de 100 índios passaram 10 horas no Congresso Nacional, onde pretendiam ficar acampados até ser recebidos pelo presidente Lula. O que eles querem é conversar com o presidente sobre a aprovação e homologação urgente da reserva Raposa do Sol, localizada em Roraíima, e também sobre a política do governo para os povos indígenas.

Segundo o índio José Ciríaco Potiguara, vereador do PT na cidade de Baía da Traição (PB), todas as etnias que têm representantes acampados em frente ao Ministério da Justiça defendem a demarcação em área contínua. O relator do projeto sobre a Raposa Serra do Sol na Câmara dos Deputados, Lindberg Farias (PT-RJ), apresentou parecer propondo a aprovação da reserva em ilhas, o que está desagradando aos povos da região.

O líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), informou que o presidente Lula quer e vai consolidar a demarcação das terras indigenas, não só da Raposa Serra do Sol, mas também de outras áreas, embora não tenha como dar uma resposta imediata. "O presidente está aguardando que o grupo de trabalho complete os estudos para tomar uma decisão política", disse Luizinho.

De acordo com o líder governista, o fato de a reserva Raposa Serra do Sol ser contínua, ou não, é um dos pontos a serem analisados, mas há também a questão da reserva agrícola e da substituição da população que mora na área. "Não dá para expulsar esa gente assim", afirmou.

Sobre a ocupação do salão verde pelos índios, o deputado afirmou que qualquer manifestação é legítima, mas ressaltou que "ocupar um dos poderes da República não tem amparo legal. Portanto, não há sentido em querer pressionar o Executivo ocupando o Legislativo", concluiu.