Telescópio Soar será inaugurado amanhã, no Chile

16/04/2004 - 13h33

Brasília, 16/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - Está marcada para amanhã a inauguração do Southern Observatory for Astrophysical Research, ou observatório Soar, no Chile. O equipamento, o mais moderno construído em parte com recursos nacionais, está instalado, e pronto para ser usado, no alto do Cerro Pachon, a 80 quilômetros da cidade litorânea de La Serena, região onde o céu permanece limpo em quase 360 noites do ano.

A enorme construção branca a 2,7 mil metros de altitude traz embutido um espelho principal de 4,2 metros de diâmetro, ou 1,6 mil vezes mais potente que o maior telescópio em solo brasileiro. O espelho é duas vezes maior do que o do telescópio espacial Hubble. Com isso, o Soar deve fornecer imagens muito precisas para o estudo do Universo.

"Não existe outra expressão que dê a correta dimensão desse marco que não seja a idéia de revolução", diz o brasileiro João Steiner, presidente do Consórcio e do Conselho Diretor do Soar. "Claro que essa revolução não ocorrerá logo após a inauguração. Em ciência nós temos uma dinâmica própria."

O também diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP) não esconde que, em seu discurso de abertura amanhã, a cerca de 100 convidados em Cerro Pachon, será difícil conter a emoção. "Esse projeto é uma grande realização para a astronomia brasileira", afirmou.

Há exatos seis anos, quando a pedra fundamental do Soar foi lançada, Steiner preferiu usar uma metáfora futebolística, como lembra Francisco Romeu Landi, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp. "Ele disse, corretamente, que a astronomia brasileira deixava a segunda divisão e passava a integrar a primeira. Agora, temos também uma grande ferramenta para isso", disse Landi, ratificando as palavras de Steiner de que a qualidade dos cientistas brasileiros nessa área já foi comprovada como sendo excelente e faltava apenas um acesso maior aos telescópios.

Além do Brasil, que entrou no projeto com US$ 10 milhões do CNPq e US$ 2 milhões da Fapesp, outras três instituições de pesquisa dos Estados Unidos fazem parte do consórcio. A National Optical Astronomy Observatories, a Universidade da Carolina do Norte e a Universidade Estadual de Michigan. O custo total ficou em US$ 28 milhões.

Após a inauguração, o Soar deve demorar três meses para começar a operar como esperado. Segundo Steiner, nessa primeira fase, há a necessidade de que parte da equipe esteja no Chile. "Mesmo assim, todas as operações poderão ser acompanhadas pelo computador aqui do Brasil", esclareceu. (Agência Fapesp)