Meio Ambiente fará campanha para combater espécies exóticas trazidas por navios

14/04/2004 - 15h00

Brasília, 14/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério do Meio Ambiente lança, na próxima semana, uma campanha nacional de combate ao mexilhão dourado, molusco introduzido no Brasil por volta de 1990, trazido pela água de lastro dos navios mercantes. Utilizada pelas embarcações para dar estabilidade aos navios, a água de lastro acaba transportando espécies exóticas de um país para outro, o que causa desequilíbrio nos ecossistemas.

O mexilhão dourado proliferou rapidamente no sul do país e hoje está causando entupimento de tubulações de abastecimento de água e de filtros das turbinas de hidrelétricas. A presença do mexilhão dourado nas águas brasileiras afeta também a atividade econômica, principalmente das populações que tradicionalmente vivem da pesca.

O objetivo da campanha é esclarecer sobre os problemas causados pela invasão do molusco e a necessidade de conter sua expansão. Serão distribuídos folders com orientação de como combater o mexilhão dourado e informações sobre o molusco.

Também está prevista a apresentação do Plano de Ação Emergencial, aprovado pela Força Tarefa Nacional para Controle do Mexilhão. A Força Tarefa foi coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e conta com representantes dos ministérios da Agricultura, Integração, Saúde, Transportes, Minas e Energia e Marinha, governos estaduais e empresas de saneamento e energia. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, uma das medidas do Plano é a utilização de hipoclorito de sódio nas represas, onde for detectada concentração de mexilhão dourado, e tinta anti-incrustante nos cascos das embarcações que transitam pelas áreas afetadas.

Há dez anos, vários países discutem uma saída para evitar a contaminação dos seus territórios com a água de lastro. Em fevereiro, a Organização Marítima Internacional - agência das Nações Unidas para a segurança da navegação e prevenção da poluição marinha - decidiu adotar uma nova Convenção Internacional para Controle e Gestão da Água de Lastro.

Os países signatários da convenção adotarão medidas para reduzir a introdução dessas espécies. A convenção, no entanto, só entrará em vigor se for ratificada por pelo menos 30 países, que representem 35% da tonelagem da frota mundial. O acordo para navegação internacional exigirá o cumprimento de padrões de controle de espécies invasoras, de patógenos, vírus e bactérias. Há indícios de que o vibrião do cólera tenha sido introduzido no Brasil e em outros países por água de lastro.

De acordo com o que foi estabelecido, as embarcações devem realizar a troca da água de lastro em alto mar, no mínimo a 200 milhas da costa ou a 200 metros de profundidade, pelo menos três vezes.

Dados do Ministério do Meio Ambiente revelam que o transporte marítimo movimenta mais de 80% das mercadorias do mundo e transporta diariamente pelo menos 7.000 espécies entre diferentes regiões do globo.