Bastos reafirma que Forças Armadas não combaterão agora a criminalidade no Rio

14/04/2004 - 19h29

Ana Paula Marra e Juliana Andrade
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, voltou a afirmar que o governo federal não enviará, agora, integrantes das Forças Armadas ao Rio de Janeiro para ajudar o governo estadual a enfrentar o crime organizado. "Volto a repetir. As Forças Armadas só devem ser usadas em casos excepcionais; neste caso, apenas se a situação do Rio se agravar", afirmou Bastos. O Exército, acrescentou, só será mobilizado se todas as possibilidades forem esgotadas.

Pela manhã, o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, entregou a Bastos um ofício em que pede o envio de no mínimo 4 mil homens à capital. O documento foi enviado por Bastos para avaliação do ministro da Defesa, José Viegas.

O ministro da Justiça voltou a manifestar cooperação e interesse por parte do governo federal em minimizar o confronto entre traficantes dos morros do Vidigal e da Rocinha, que disputam o ponto de venda de drogas desde a madrugada de sexta-feira (9). Até o momento, 12 pessoas já morreram em conseqüência dos conflitos. "O governo federal está comprometido com o governo estadual no sentido de manter a paz social".

Ponto cortado

Sobre a greve da Polícia Federal, que já dura 36 dias, Bastos disse que vai retirar a proposta, não aceita pela categoria, de reajuste salarial de 17%. O prazo final de acordo, estabelecido pelo governo, venceu às 18h. Agora, segundo Bastos, o governo federal vai cortar o ponto dos policiais federais e seguir as determinações judiciais.

A categoria reivindica o cumprimento da Lei 9.266, de 1996, que estabelece nível superior para agentes, escrivães e papiloscopistas. Se a lei for cumprida, eles terão seus salários equiparados aos dos delegados, passando de R$ 4.200 para R$ 7.800.

Pedido

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, disse pela manhã que discorda do emprego das Forças Armadas para conter a criminalidade no Rio de Janeiro. Argumentou que, ao decidir fazer o pedido de envio de 4 mil homens, a governadora Rosinha Matheus agiu com prudência. "Nós aceitamos aquilo que foi oferecido para que amanhã uma parcela da população não acusasse a governadora de ter recusado a oferta de reforço policial. A governadora agiu com prudência, com inteligência e com a responsabilidade que o cargo lhe confere", afirmou, após reunião com o ministro da Justiça e 17 secretários estaduais de Segurança Pública.

Para o secretário, a situação de violência na capital fluminense ganhou destaque porque os conflitos entre traficantes ocorreram em favelas localizadas na Zona Sul do Rio. "O que houve no Rio de Janeiro foi uma briga entre duas quadrilhas, onde morreram dois policiais, cinco criminosos, bandidos que estavam fortemente armados, e infelizmente três pessoas inocentes. Se estas três pessoas tivessem sido mortas na Baixada Fluminense, não haveria nada disso. Mas o fato ocorreu na Zona Sul do Rio de Janeiro, ou seja: para os ricos há uma posição e para os pobres, outra", argumentou.