Governo de Rondônia estima que US$ 6 bilhões em diamantes foram retirados do estado

12/04/2004 - 18h50

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília, 12/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - Nenhuma empresa pública ou privada tem autorização para pesquisar ou extrair diamante na reserva indígena Roosevelt. Nem mesmo os índios poderiam retirar o mineral da área. Ainda assim, o governo de Rondônia calcula que a exploração ilegal já proporcionou lucro de cerca de US$ 6 bilhões.

"O estado não viu um tostão desse dinheiro", afirma a diretora da Companhia de Mineração de Rondônia, Leandra Vivian. Estudos preliminares da companhia mostram que a região tem uma mina de diamante com 200 km de extensão. No mundo, a exploração de diamantes concentra-se no Congo, Austrália, Botswana e África do Sul.

No Brasil, os estados com as maiores reservas são o Mato Grosso e Minas Gerais. No caso de Rondônia, o geólogo Luís Antônio da Costa alerta para o impacto da exploração ilegal no meio ambiente, principalmente no Igarapé das Lajes, no município de Vilhena.

"A retirada do diamante sem a técnica adequada leva à degradação do solo e da qualidade da água", lembra Costa, chefe interino da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) em Rondônia. "O desmatamento feito para a entrada das máquinas também compromete seriamente a biodiversidade local", acrescenta.

De acordo com o governo de Rondônia, existem indícios de retirada ilegal de diamante em outras áreas. O deputado federal Eduardo Valverde (PT-RO) vai propor, nesta semana, ao Congresso, a análise de projetos que definem se o minério poderá ou não ser explorado na região.

No último fim de semana, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira, disse, em nota à imprensa, que vai tomar medidas para resguardar a segurança da tribo que mora na reserva Roosevelt. Em 1963, um confronto com garimpeiros reduziu a população Cinta Larga de cinco mil para 1,3 mil índios. Em sua página na Internet, a Funai mantém link para uma campanha de apoio à tribo.