''Não pode haver livre comércio entre tubarão e sardinha'', diz embaixador cubano

02/04/2004 - 17h27

Alana Gandra
Repórter Agência Brasil

Rio - "A Área de Livre Comércio das Américas(ALCA), tal como a concebem os Estados Unidos, é um projeto anexionista, que está dirigido para colocar as economias latino-americanas a reboque da economia norte americana". A opinião é do novo Embaixador de Cuba no Brasil, Pedro Nuñes Mosquera, e foi feita hoje na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, a Firjan, durante encontro com o Vice-Presidente da entidade, João Lagoeiro Barbará, e o Secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho. Cuba é o único país do sul do continente americano a não participar da ALCA.

Segundo manifestou o embaixador Mosquera, não pode haver livre comércio se não há, por exemplo, livre acesso a mercados, como acontece com os produtos agrícolas. Do mesmo modo, não pode haver livre comércio se as empresas não têm tratamentos similares e se não se levar em conta a necessidade de um trabalho especial e diferenciado para as pequenas economias. Pedro Nuñes Mosquera afirmou também que o livre comércio pressupõe o estabelecimento de um determinado controle nos fluxos de capitais que entram e saem dos países. "Creio que não pode haver livre comércio nem livre tratamento entre o tubarão e sardinha", argumentou.

Na opinião do embaixador, embora Cuba tenha sido excluída desse processo "por obra e graça dos Estados Unidos", é importante que os países da América Latina se fortaleçam em sua integração, tanto em termos do Mercosul, como deste bloco com a Comunidade Andina e o sistema de integração centro-americano em relação à Comunidade do Caribe. Mosquera afirmou a necessidade de os países latinos se fortalecerem para negociar com posições mais fortes. "Se não nos integramos, nos desintegram", disse ele, referindo-se aos Estados Unidos. Sobre a Alca, opina: "vai na direção de desintegrar".