MEC quer 2005 como o Ano da Qualidade da Educação Básica

02/04/2004 - 18h34

Brasília, 2/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério da Educação (MEC) quer que 2005 seja considerado o Ano da Qualidade da Educação Básica no Brasil. De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Eliezer Pacheco, a intenção de avaliar todos os alunos do ensino fundamental e médio faz parte do processo de universalização da avaliação do ensino básico. A proposta está no documento "Choque de Qualidade no Ensino Básico" formulado pelo instituto. "Neste ano, trabalha-se a reforma universitária e no ano que vem, vamos dar prioridade à qualidade da educação básica", disse Pacheco.

O documento mostra que quase 60% das crianças que terminam a 4ª série não sabem ler corretamente e, no ensino médio, a taxa de reprovação é de 7,5%. Os dados foram citados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso feito ontem em Araras (SP).

Para Eliezer Pacheco, a preocupação do presidente é legítima, uma vez que o acesso à educação aumentou nos últimos anos, mas a qualidade não teve o mesmo desempenho. "O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) tem mostrado uma queda no nível de aprendizagem nos últimos 10 anos, sem que se faça um diagnóstico preciso. Por que a educação brasileira, a educação básica, piora ainda mais se os investimentos têm aumentado?", questiona o professor.

Hoje, os estudantes da 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio fazem uma prova de conhecimentos em matemática e português, parte do sistema de avaliação aplicado por amostragem em 215 mil escolas de todo o país. "Estamos propondo a universalização da avaliação do ensino básico através do Saeb. Isso foi assumido pelo ministério e o presidente está empenhado nessa questão", afirmou o presidente do Inep.

Para definir a proposta, um grupo de trabalho, com integrantes do MEC e das secretarias de Educação dos estados e municípios, está sendo articulado para apresentar os resultados em 15 dias. "Nossa idéia é trabalhar com as redes estaduais e municipais. Não há como o MEC, que não trabalha com a educação básica diretamente, administrar um exame que vai atingir, direta ou indiretamente, quase 40 milhões de crianças", explicou Pacheco.

Apesar da intenção, Pacheco acredita que não haverá possibilidade de realizar o teste de seis em seis meses, como disse o presidente. "É evidente que não há como aplicar o Saeb a cada seis meses, seria impossível. A idéia é fazer um processo de avaliação permanente, utilizando também outros instrumentos, com avaliações mais focadas nas áreas mais problemáticas", completou.