Ong Terrorismo Nunca Mais defende ações da ditadura e afirma que golpe evitou mortes

31/03/2004 - 12h47

<>Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

O Grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), regional Brasília, tem cerca de 50 sócios civis e militares. Foi criado há três anos nos moldes do grupo pioneiro do Rio, fundado há cinco anos. A entidade diz querer mostrar o "outro lado" do que chama "revolução de 1964", o golpe militar que retirou do poder o presidente João Goulart.

Em seu sítio na Internet, o Ternuma apresenta textos sobre a atuação de supostos grupos terroristas no Brasil durante o governo militar. O sítio conta ainda com uma lista das chamadas organizações subversivas. Entre elas, a Ação Libertadora Nacional (ALN) e a Ação Popular (AP), de cujas ações participaram, entre outros, o jornalista Franklin Martins, da TV Globo, e o presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), José Serra. Em outro link, estão fotos dos chamados terroristas que hoje governam o país, entre eles o ministro Chefe da Casa Civil, José Dirceu.

"Eles só não reconhecem as vítimas dos atentados porque teriam de reconhecer que, naquela época, havia terrorismo no Brasil, sim", ataca o coronel reformado do Exército, Carlos Brilhante Ustra, um dos participantes do Ternuma, regional Brasília. Avesso a entrevistas e fotos, o militar conta, em artigo enviado à Agência Brasil, que em 64 era comandante da bateria de canhões anti-aéreos, no Rio de Janeiro.

"O país vivia no caos. Greves paralisavam tudo (...). A indisciplina nas Forças Armadas era incentivada pelo governo (...). A Contra-Revolução era imperativa", defende Ustra, que, em 1970, assumiu o comando do DOI/CODI/II. "A partir desse dia, minha vida mudou. Minha filha mais velha ia para o jardim de infância acompanhada por seguranças".

Passados 40 anos do início do governo militar, Ustra continua convencido de que a ação do Exército impediu a morte de um número ainda maior de pessoas. Reconhece, no entanto, que a geração de militares da qual fez parte não estava preparada para aquele tipo de combate.

"Os erros existiram, devido à nossa inexperiência, mas os nossos chefes eram tão responsáveis como nós", argumenta o coronel. "Como escrevi em meu livro, 'Rompendo o silêncio', terrorismo não se combate com flores. Só quem estava lá, frente a frente com os terroristas, dia e noite, de arma na mão, pode nos julgar."