Desemprego continua alto porque cenário econômico é desfavorável, diz pesquisador do IBGE

25/03/2004 - 14h23

Rio, 25/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A taxa de desemprego no país subiu para 12% em fevereiro, mas segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por uma questão de metodologia é considerada estável frente aos 11,7% registrados em janeiro deste ano e os 11,6% de fevereiro do ano passado.

A pesquisa do Instituto, divulgada nesta quinta-feira, constata que em fevereiro havia 2,5 milhões de pessoas buscando trabalho nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre, sendo 48,5% somente em São Paulo. O número de desocupados cresceu 80 mil em relação a janeiro e 136 mil em relação a fevereiro de 2003.

O responsável pelas pesquisas de emprego e renda do IBGE, Cimar Azeredo, explica que este aumento deveu-se a um maior número de pessoas no mercado de trabalho, em função do crescimento da população em idade ativa e não porque o desemprego teria aumentado. "O aumento do número de desocupados de janeiro para fevereiro e na comparação com fevereiro do ano passado não foi suficiente para alterar a taxa de desocupação, que estatisticamente é considerada estável", disse.

Para o pesquisador, a taxa de desemprego continua alta porque o cenário econômico ainda é desfavorável para novos investimentos e, conseqüentemente, a abertura de vagas no mercado de trabalho. "As taxas de juros em patamares elevados, embora tenham baixado em relação ao ano passado, com certeza deixam o mercado de trabalho um pouco reprimido, propiciando a expansão da desocupação", avaliou Cimar.

De acordo com a pesquisa, a renda média do trabalhador caiu 5,7% em fevereiro na comparação com o mesmo período do ano passado, mas apresentou um ligeiro crescimento de 0,5% em relação a janeiro deste ano.

A explicação, segundo o pesquisador, é que o número de trabalhadores na informalidade continua aumentando e esses são mais vulneráveis à queda no rendimento. "O número de trabalhadores sem carteira assinada está aumentando e essas pessoas não estão protegidas por reajustes salariais periódicos, além de outras garantias trabalhistas que impediriam uma queda acentuada na renda".

Quanto à recuperação de 0,5% nos rendimentos de janeiro para fevereiro, Cimar Azeredo acredita ser um reflexo da estabilidade da inflação.