Brasília, 25/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O vice-presidente do Banco Mundial (Bird) para América Latina e Caribe, David De Ferranti, e o representante do organismo multilateral no Brasil, Vinold Thomas, defendem a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Fundo Monetário Internacional (FMI) de retirar os investimentos em infra-estrutura como itens no cálculo do superávit primário (receitas menos despesas, excluídos os juros da dívida).
A meta de superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) tem sido considerado alto pelos críticos e faz parte do atual acordo do Brasil com o FMI. Eles reuniram-se com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. No ano passado, o Brasil gastou US$ 1,25 bilhão de recursos do Bird.
Segundo Vinod Thomas, o Bird confia na maneira como o governo brasileiro exerce o controle fiscal. "Mas como interpretar alguns investimentos, por exemplo, em infra-estrutura, com impacto positivo na área social, é um assunto que ainda precisa ser discutido. De qualquer maneira, entendemos que é preciso uma flexibilização", diz ele.
Para Thomas, isso iria permitir a estabilidade econômica junto com crescimento. "Não digo que hoje seria a oportunidade para resolver isso, mas tem uma importância muito clara para todo mundo", enfatiza.
"Neste ano, quando haverá mais crescimento, é preciso abrir mais espaço no superávit fiscal", concorda De Ferranti.
Atualmente, o Bird dispõe de US$ 2 bilhões para o país, parte dos recursos, inclusive, iria para as reservas internacionais.O Banco Mundial quer melhorar e antecipar a liberação de recursos do organismo ao Brasil. Este foi o motivo da reunião de De Ferranti e Vinod Thomas com Palocci.
Pela proposta do Banco Mundial, o dinheiro deverá ser gasto prioritariamente nas áreas de infra-estrutura (crescimento e competitividade), social (igualdade) e ambiental.
"O entendimento com o ministro Palocci foi no sentido de aumentar o uso de recursos do banco durante este ano nessas três áreas, porque estamos otimistas com as possibilidades de crescimento do país. Será um ano de muito potencial para o desenvolvimento", afirma Ferranti.
Ele lembra, no entanto, que a aceleração na liberação dos recursos é importante, porque o Brasil precisa crescer, mas com igualdade social e sustentabilidade dos recursos naturais.
A contrapartida para os empréstimos, segundo Vinod Thomas, são os investimentos que o governo já faz nessas áreas. Ele cita como exemplo, o programa Bolsa Família, que unificou todos os programas sociais de distribuição de renda.
"Vamos levar em conta tudo o que o governo está investindo como contrapartida. Simplesmente necessitamos de implementação de programas para trabalharmos juntos. O encontro foi excelente nesse sentido", afirmou Vinod.