Artistas do Hip Hop pedem mais atenção do governo

25/03/2004 - 18h29

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Grafiteiros, rappers, DJs e produtores musicais de 22 estados brasileiros se reuniram hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir maior atenção do governo ao movimento Hip Hop. Lula é considerado um incentivador do movimento porque artistas do Hip Hop foram incorporados à sua campanha eleitoral.

A principal reivindicação dos artistas é conquistar o reconhecimento da cultura rapper pelo governo federal. "A gente na verdade quer que ele legitime o que a gente faz, para que o que a gente faz venha a ser entendido como cultura", disse o produtor musical Francisco Cavalcante, do Rio de Janeiro.

Os artistas deixaram o Planalto com a promessa de maior articulação do governo com o movimento. Segundo MV Bill, coordenador do Hip Hop na Cidade de Deus (RJ), o presidente se comprometeu a criar um grupo de trabalho para dialogar diretamente com os representantes do movimento. Eles também pediram a Lula para ocupar, em todo o país, prédios públicos ociosos como espaços para divulgação das ações do movimento. "O presidente disse que respeita muito o Hip Hop, que acha que é o movimento cultural que vai trazer grande mudança para o Brasil, e que já está sendo responsável por isso", disse MV Bill.

Num gesto que já se tornou rotina em audiências com representantes da sociedade civil, o presidente Lula usou o boné que recebeu dos artistas. Segundo o rapper MV Bill, o presidente disse que é "parceiro" do Hip Hop, e garantiu que está com o movimento "literalmente na cabeça".

O movimento Hip Hop se originou nos guetos norte-americanos, entre jovens de classe baixa. Marginalizados pela sociedade, eles passaram a utilizar formas de arte desenvolvidas na rua para defender reivindicações sociais. O Hip Hop inclui a dança de rua (break), a pintura de espaços públicos (grafite) e o rap (abreviatura de ritmo e poesia, que mescla as letras musicais com o som produzido pelos DJ´s). O Hip Hop chegou ao Brasil na década de 80 e se tornou um movimento social, com ênfase no incentivo aos trabalhos comunitários.