Suspensão dos embarques no Porto de Paranaguá causa fila de caminhões

22/03/2004 - 18h29

Curitiba, 22/3/2004 (agência Brasil - ABr) - O governador do Paraná, Roberto Requião, defende as medidas administrativas propostas pela direção do Porto de Paranaguá (Appa) para reduzir os transtornos causados pela suspensão das atividades no porto. A paralisação vem causando uma fila de caminhões ao longo da BR-277. A fila de seis mil veículos tem 70 quilômetros de extensão, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. Os caminhoneiros aguardam para descarregar soja no terminal.

De acordo com a administração do porto, os caminhões só devem seguir até o porto quando a carga já estiver vendida e o navio em vias de atracação. "Com isso, o caminhão chega ao porto e já descarrega", explica Requião.

"Ocorre que essa medida contraria os interesses dos operadores e grandes exportadores acostumados a ganhar dinheiro com a especulação da mercadoria no mercado de compras à vista", diz o governador.

Os operadores, acrescenta Requião, priorizam por exemplo a complementação da carga de um navio proveniente da Argentina, que necessita de apenas três mil a quatro mil toneladas, para que tenham tempo de especular no mercado financeiro.

"Essa prioridade ocorre antes da emissão da ordem para carregar um navio vazio de grande porte (com capacidade para receber 50 mil toneladas), o que provoca as filas. Por isso, a morosidade do porto é provocada pelos próprios operadores interessados em pressionar a superintendência e fazer com que o conflito tenha repercussão internacional", afirma o governador.

Com isso, de acordo com Requião, os operadores começaram a pressionar a superintendência, que passou a operar com a própria logística no porto. Em janeiro, a logística da Appa foi a responsável pela ausência de filas, apesar de o porto ter recebido o dobro do número de caminhões em relação ao mesmo período do ano passado. Em janeiro deste ano, o porto recebeu 35,7 mil caminhões contra 15,4 mil recebidos no mesmo mês de 2003.

O governador lembra que a pressão contra a superintendência do porto foi agravada com o trabalho realizado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e de sua vinculada Claspar, "que resolveram jogar duro contra os fraudadores de mercadorias". De acordo com Requião, a fiscalização mudou e detectou até 17% de impurezas na soja exportada por um grande terminal de cooperativas.

Requião afirma que o prejuízo causado pela paralisação do Porto de Paranaguá não é do governo e sim dos operadores portuários "que podem morrer pela ingestão do próprio veneno". O governador lembra que os operadores portuários terão que indenizar os seis mil caminhoneiros que estão parados na BR-277. Os caminhoneiros pedem o pagamento de R$ 0,40 por tonelada/hora.