Brasília, 22/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, João Bosco Senra, disse hoje, Dia Mundial da Água, que o Brasil pode comemorar o fato de a sociedade estar se envolvendo cada vez mais com as discussões sobre a conservação da água.
Segundo Senra, a parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que adotou a Água como tema da Campanha da Fraternidade deste ano, é uma prova do interesse que o tema tem despertado. "Isso é um exemplo de como as pessoas estão se envolvendo e se preocupando mais com a questão da água", afirmou.
Senra disse que o maior desafio do Brasil é acabar com a cultura de desperdício. Ele lembrou que há pouco tempo a preservação da água não era uma preocupação da sociedade. A partir do momento que a população aumentou e os processos produtivos foram incrementados, a demanda por água cresceu.
De acordo com o relatório da última reunião do Parlamento Latino Americano, realizada em 2003 no México, o Brasil desperdiça 40% da água potável destinada ao consumo humano. A média considerada ideal pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 20%. Na América Latina, apenas Argentina e Chile apresentam índices menores.
O secretário recordou que há cerca de três gerações, não se falava em poluição, nem em cobrar pelo uso da água. "A sociedade convivia com a cultura da abundância. Hoje, temos uma situação totalmente diferente. Além do esforço para não desperdiçar esse bem, as sociedades precisam trabalhar pela sua preservação, para garantir água de qualidade às futuras gerações".
De acordo com a Organização das Nações Unidas, a falta de água atinge cerca de 2 bilhões de pessoas e, se não forem adotadas medidas para conter o consumo, dentro de 25 anos cerca de 4 bilhões de pessoas não terão água suficiente nem para as necessidades básicas.
O Brasil ainda enfrenta problemas como a falta de saneamento e de tratamento de água, desperdício nos sistemas de distribuição e mau uso da água pelas pessoas. A área rural demanda esse bem como condição para o desenvolvimento da atividade, que traz divisas para o país e tem sido o fiel da balança comercial brasileira.