São Paulo, 22/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O engenheiro Julio Tadeu Kettelhut, representante do Ministério do Meio Ambiente, disse hoje que a sociedade paga de forma indireta pelo mau uso da água e pela má administração dos recursos hídricos.
Segundo ele, isso pode ser constatado no custo de tratamento de doenças causadas pela ingestão de água imprópria e na distribuição mal feita para a irrigação, que pode diminuir a produção agrícola e aumentar os preços finais dos alimentos, prejudicando principalmente a população de baixa renda. Kettelhut fez as afirmações no "lançamento da Frente Parlamentar pela Defesa da Água.
Para ele, o projeto do deputado estadual Sebastião Almeida, que propõe a discussão do mau uso da água e pretende despertar a consciência da sociedade para a necessidade da preservação, preenche uma lacuna na Lei das Águas. "Uma das lacunas dessa lei é a incorporação do Poder Legislativo no processo do gerenciamento do recurso. Essa lacuna, de certa forma, vem sendo preenchida com a criação de frentes como essa criada no estado de São Paulo", ressaltou.
O secretário estadual de Energia e Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce, destacou que toda iniciativa que pretenda conscientizar a população é importante, principalmente em um estado que enfrenta a possibilidade de racionamento. "A região metropolitana de São Paulo, Campinas e a Baixada Santista são os três pontos críticos expostos à carência de água, que não é suficiente para abastecer as necessidades mínimas da população", disse. Ele defendeu a redução do consumo para evitar o racionamento.
Segundo Arce, o grau de poluição das águas em São Paulo é alto, mas a situação no estado ainda é melhor do que em outras regiões do país. "Nós temos evoluído, mas ainda há um caminho muito longo a percorrer", afirmou. Nos 368 municípios paulistas atendidos pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), mais de 80% têm coleta de esgoto e em 62% ele é tratado. "Esse não é um problema isolado do nosso estado, mas é de cada um de nós. Só pode ser resolvido com boa vontade de todos. Mas hoje já há consciência de que somos parte do problema e que só com ação é que vamos resolvê-lo", finalizou.