Juliana Cézar
Repórter da Agência Brasil
Brasília, 22/3/2004 - Estudantes e cientistas gaúchos receberam hoje a visita do físico Paulo Antônio de Souza. Em uma palestra na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Porto Alegre, o cientista de 33 anos contou detalhes sobre a experiência no projeto da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) que deu origem à expedição dos robôs Opportunity e Spirit em Marte.
A dupla está desde janeiro em solo marciano recolhendo imagens e amostras. Encontraram inclusive indícios de que um dia o planeta vermelho teve água em abundância. Um dos principais aparelhos utilizados pelas máquinas foi idealizado por Souza. Trata-se do Mimos, um equipamento capaz de identificar os elementos contidos nas rochas e poeira.
"Fui convidado para participar do projeto justamente por causa da minha experiência na caracterização de minérios, na Vale do Rio Doce, companhia onde trabalho", conta o mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutor em Ciências Naturais pela Universidade Johannes Gutemberg, na Alemanha.
Desde abril de 2002, uma vez por mês, Souza vai aos Estados Unidos. Todos os custos são pagos pela Vale do Rio Doce. A próxima viagem está marcada para abril. Na Nasa, além de receber, analisar e tornar os dados disponíveis para os colegas, o brasileiro coordena um projeto educacional que aproxima as experiências de estudantes do ensino médio.
"Tentei incluir as escolas do Brasil nesse projeto, mas não foi possível. Por medidas de segurança, a Nasa restringe a entrada de grupos de outros países", revela o físico, casado e pai de uma menina de quatro anos.
Na agência norte-americana Souza não é o único brasileiro. Divide espaço com a carioca Jaqueline Lyra. Foi dela, em 1997, a idéia de despertar o robô Sojourner com o samba "Coisinha do Pai".
Juntos, Jaqueline e Souza escolheram a música que acordou o robô Spirit no sétimo dia da missão. "Era uma música folclórica do Espírito Santo, tocada em tempo de Folia de Reis", lembra o físico da Vale, natural de Campo Grande (MS) e morador de Vitória. "A música é uma expressão bonita da nossa cultura. É a forma que encontramos para homenagear o Brasil."