Dirceu nega que governo esteja parado e diz que mudanças na economia dependem de ''timing''

22/03/2004 - 15h21

São Paulo - Além de políticas de desenvolvimento industrial, apoio à agricultura familiar e a pequenas empresas. Quanto à redução dos juros e do superávit fiscal, é preciso aguardar o "timing". "Não é só uma questão de vontade política. O governo faz os ajustes com base nas condições reais". A receita e a avaliação do quadro econômico do país foram feitas hoje pelo ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, em evento na capital paulista. Foi uma resposta à afirmação de que o país estaria "parado".

"O governo está governando e toma todas as semanas decisões importantes. Há uma irrealidade ou um irrealismo no discurso de que o governo e o país estão parados. Isso não contribui para o país", disse Dirceu a jornalistas, em entrevista coletiva antes da participação dele no seminário "Inclusão Social e Desenvolvimento", organizado pelo canal de TV a cabo Globonews. Para o ministro, um exemplo da atuação do governo seria a condução da negociação em torno da reforma do Judiciário no Congresso.

"É verdade que o Brasil possui um modelo econômico que é perverso, porque exclui. Mas é verdade que estamos trabalhando para que o país retome o seu crescimento", afirmou. Para Dirceu, é necessário que o país tenha crescimento e emprego, que não são criados só com desenvolvimento industrial. "Também a pequena e média empresa, além da agricultura familiar, tem que ser apoiada".

"O caso Waldomiro não me incomoda, considero um assunto encerrado. O governo não rouba e não tem medo. O caso não mancha nem o governo nem o PT", afirmou ainda o ministro aos jornalistas, em referência às investigações em torno de um vídeo em que o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz aparece pedindo dinheiro para si e supostamente para campanhas de políticos. A denúncia aconteceu em fevereiro.

O ministro também defendeu o "direito democrático de fazer críticas publicamente" dos petistas que organizaram no último domingo um seminário pedindo mudanças nas políticas econômicas do governo.

O ministro do Desenvolvimento Social e Segurança Alimentar, Patrus Ananias, e Zilda Arns, da Pastoral da Criança, também participaram do seminário em São Paulo.

(Pedro Malavolta)