Nádia Faggiani
Repórter da Agência Brasil
A transição do Iraque para um governo próprio está prevista para o próximo dia 30 de junho. Porém, um ano depois da invasão de Bagdá pelas tropas norte-americanas, o país vive um cotidiano de ataques terroristas e poucas perspectivas de consolidação do governo soberano. O Brasil já demonstrou interesse em reativar as relações diplomáticas com o país. Segundo o chefe do Departamento de Oriente Próximo do Ministério das Relações Exteriores, ministro Sarkis Karmirian, o Brasil nunca rompeu relações diplomáticas com o Iraque, mas com a desativação dos serviços da embaixada brasileira em Bagdá, naturalmente o diálogo se rompeu.
"A linha de frente de intercâmbio entre o governo brasileiro e o iraquiano é a econômico-comercial. O Iraque é um país que tem petróleo, um produto de relevância para o intercâmbio entre países e a partir do momento em que houver um interlocutor legítimo o nível de intercâmbio vai aumentar", analisa o ministro Sarkis Karmirian.
A primeira medida já anunciada pelo governo brasileiro para se reaproximar do Iraque é a reativação da embaixada brasileira em Bagdá. Desde o fim da Guerra do Golfo, em 1990, os países que mantinham embaixadas no país de Saddam tiveram de desativá-las em cumprimento ao embargo declarado pelos Estados Unidos. Para reativar a representação diplomática, entretanto, o Brasil aguarda a recuperação da soberania iraquiana, como afirmou esta semana, em Londres, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
No Brasil, não se sabe se a mesma medida será adotada pelo parceiro do Oriente Médio. A embaixada do Iraque em Brasília não funciona desde a queda do regime de Saddam Hussein. Abandonada, foi a única que restou em toda a América do Sul. De acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores, não há contato entre os representantes iraquianos e os brasileiros. Somente o setor de cerimonial do Ministério tem sido o elo para que os serviços consulares de quem procura a embaixada.
No prédio abandonado da embaixada, um segurança informa que ainda resta um representante diplomático. A Agência Brasil tentou localizá-lo por duas vezes nos horários informados pelo segurança, mas não o encontrou. Ninguém responde o telefone da embaixada durante todo o dia.