Correios comemoram 35 anos e criam ''Sedex Hoje''

19/03/2004 - 18h55

Brasília, 19/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Empresa de Correios e Telégrafos comemoram hoje 35 anos. E se há uma pessoa que pode contar a história da companhia é Gérson Bukvic, de 50 anos. Em 1968, com 14 anos, na cidade de Bauru (SP), ele começou sua jornada na empresa como entregador de telegramas. Na época, a empresa ainda se chamava Departamento de Correios e Telégrafos.

Da entrega de telegramas até hoje, o ex-entregador alcançou diversos postos até assumir a assessoria executiva da Diretoria de Administração, segunda posição mais importante da empresa, abaixo apenas da presidência.

Para o executivo, nesses 35 anos, a empresa não apenas se modernizou, mas mudou sua postura em relação ao cliente. "Ela passou a pensar no cliente, na população e na sociedade. Com isso, ela começou a centrar todos os seus esforços nessa nova atividade de entender que a empresa existia para atender a coletividade".

Bukvic aponta, ainda, como um dos fatos mais marcantes, a criação da Escola Superior de Administração Postal, em 1978. A escola recrutava jovens de 18 anos, para se tornarem administradores postais. O curso tinha duração de dois anos e meio.

"A maioria dos executivos à frente da empresa é oriunda dessa escola. Eu falo com muito orgulho que sou um deles", conta o executivo que mudou-se definitivamente para Brasília após concluir o curso.

Ao falar da ECT, o assessor não esconde a dedicação que ainda cultiva pela empresa. Ele explica que, com o passar do tempo, a empresa passa a ocupar papel importante na vida de todos que estão ligadas a ela. "Sempre que tenho oportunidade, tento transmitir esse meu entusiasmo".

Sobre o futuro, Bukvic retrata um cenário de buscas e metas para a empresa. Universalizar as comunicações, explorar o segmento de encomendas e manter a credibilidade são alguns desafios citados pelo ex-entregador, que é a cara dos Correios.

Fatos marcantes

Criada em 20 de março de 1969, em substituição ao Departamento de Correios e Telégrafos, a ECT surge com o objetivo de diversificar os serviços postais e telegráficos do país e melhorar o atendimento ao usuário.

A instituição começa a ganhar, também, outro importante papel na sociedade: agente social do governo. A empresa passa a atuar no pagamento de pensões e aposentadorias, distribuição de livros escolares, transporte de doações, promoção de campanhas de aleitamento materno e treinamento de jovens carentes.

Os 35 anos da empresa são marcados com fatos que influenciaram o desenvolvimento econômico e social do país. Em 1972, surge o Código de Endereçamento Postal, o conhecido CEP, com cinco dígitos.

O código trouxe mais agilidade na entrega das cartas e encomendas. Dois anos depois, a ECT cria a rede postal aérea noturna. Com a rede, as cartas passaram a ser entregues no dia seguinte a sua postagem. Antes, elas eram transportadas apenas por caminhões e trens. Hoje, 95% das cartas e encomendas chegam ao seu destino pela rede aérea.

A década de 80 começa com a implantação do Serviço de Encomenda Expressa Nacional – SEDEX. O serviço passa a fazer as entregas no prazo máximo de 24 horas entre as principais capitais do país. O correio rural, a rede postal aérea da Amazônia, o telegrama pré-datado e o sistema de franchising para as agências são implantados.

No ano de 1995, a ECT coloca em prática o sistema de mecanização da triagem. A partir daí, as cartas e encomendas são separadas por um processo eletrônico. Hoje, 86 máquinas de separação eletrônica estão instaladas no país.

O ano 2000 é marcado pelo lançamento do serviço Exporta Fácil. O serviço tem como objetivo ajudar as pequenas e médias empresas brasileiras exportarem seus produtos. O Exporta Fácil permite o despacho de produtos com valor de até US$ 10 mil por remessa, sem obrigação do registro de exportador. No mesmo ano, os Correios chegam ao último município sem serviços postais do país, a cidade de Rio do Fogo (RN).

Em 2002, inicia-se a implantação de um dos principais serviços dos Correios, o Banco Postal, para oferecer serviços bancários as comunidades carentes. O lançamento ocorre quando o Brasil tinha 1750 municípios sem nenhuma agência bancária e onde viviam aproximadamente cinco milhões de brasileiros adultos.

Uma situação que também ocorria (e ocorre) nos grandes centros urbanos, segundo os Correios, e afetava 40 milhões de pessoas, principalmente por causa das dificuldades de acesso dos pequenos correntistas para manter conta numa instituição financeira.

O cliente do Banco Postal é, normalmente, pessoa de baixa renda: 60% dos correntistas têm ganhos de até R$ 240,00 e 19% ganham entre R$ 240,00 e R$ 400,00. O total de agências previsto é de 5.300 e a Conta Fácil (conta corrente e de poupança) rende juros e correão se o depósito ficar mais de 30 dias sem movimento. Até dezembro de 2003, foram atendidos 1.108 municípios que não tinham agência bancária e a cada dia são atendidas 400 mil pessoas. Em dezembro do ano passado, o Banco Postal fez 8,7 milhões de transações, com pico de 525.251 realizadas no dia 10 daquele mês.

Mais 35 anos

O serviço Sedex Hoje, que será lançado oficialmente pelos Correios em agosto deste ano, já está sendo testado em quatro capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. Dentro de quatro meses, ele alcançará 121 grandes cidades e depois será expandido nos mesmos moldes do Sedex 10, que atende a mais de 200 localidades brasileiras. A diferença é que, enquanto o Sedex 10 chega ao destinatário 24 horas depois de enviado, o Sedex Hoje será recebido no mesmo dia em seu destino.

O Sedex Hoje foi anunciado como o principal produto a ser lançado, este ano, pelo novo presidente da empresa, João Henrique de Almeida Sousa, em meio às comemorações pelo 35º aniversário de criação da ECT, nesta sexta-feira, na sede da empresa, em Brasília.

A festa teve homenagens aos empregados que completaram 35, 25 e 15 anos de serviço e ao funcionário padrão da empresa, Evandro Aparecido dos Santos, gerente da agência dos Correios na cidade de Eldorado, em Mato Grosso do Sul. João Henrique, que assumiu o cargo na última segunda-feira, ressaltou o papel dos Correios na vida do país, presente em todos os municípios brasileiros e com um caráter de utilidade pública inigualado em todo o território nacional.

"Nós temos que fortalecer essa participação social e essa representatividade na cidadania brasileira, Mas, naturalmente, somos uma empresa e temos que ter lucros. Precisamos de receitas que cubram nossas despesas com saldo para novos investimentos, que são imensos, inclusive na área tecnológica, porque os Correios precisam se atualizar todo dia. A ECT é o quarto maio Correio do mundo, em conseqüência disso precisa de atualização tecnológica diária. Para isso, precisa ter lucro para fazer investimentos".

É nessa linha que virá o Sedex Hoje, cujo custo para a o usuário ainda está sendo estudado, mas "não será uma diferença substancial em relação ao Sedex 10", segundo o presidente dos Correios. Ele lidera uma série de novos produtos que serão lançados nos próximos meses, mas que João Henrique mantém em segredo "por causa da concorrência".

A meta é crescer

Uma das metas do presidente, João Henrique, é melhorar os resultados financeiros da empresa, que em 2003 teve uma acentuada queda em relação ao ano anterior: de R$ 406 milhões o lucro líquido caiu para cerca de R$ 280 milhões. Em 2003, a empresa movimentou 8,3 bilhões de objetos, entre cartas, telegramas e encomendas, 1,2 bilhão a menos em relação ao ano anterior. Os investimentos também caíram, de R$ 619 milhões em 2002, para R$ 412 milhões no ano passado.

"Nós pretendemos em 2004 retomar, pelo menos, o nível de 2002", enfatiza o presidente, cuja meta maior é "consolidar cada vez mais a estrutura da instituição e manter a sua credibilidade, cujo nome muito forte". A empresa tem hoje 100 mil funcionários em todo o país.
Uma das âncoras dessa proposta continuará sendo o Banco Postal, "um sucesso já instalado, com um milhão e 200 mil contas abertas, funcionando em quatro mil agências e com mais 804 previstas até o final do ano". O objetivo é, em curto espaço de tempo, levar o serviço a todas as agências dos Correios espalhadas pelo território nacional.