Celso Amorim prevê avanços na OMC, diz jornal britânico

19/03/2004 - 11h21

Brasília - Numa entrevista ao Financial Times, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, mostrou otimismo sobre as próximas negociações multilaterais na Organização Mundial do Comércio (OMC). Antes de deixar Londres rumo à Turquia, na noite de ontem, Amorim afirmou que União Européia e Estados Unidos mostram sinais de maior flexibilidade sobre os pedidos do G20, grupo de países em desenvolvimento liderados pelo Brasil, para que se reduzam os subsídios agrícolas.

Amorim disse que o G20 está "pronto a amenizar os pedidos de abertura do mercado japonês e de outros países protecionistas na área agrícola em troca de que o acordo nos subsídios seja fechado". A atual rodada de negociações foi lançada na cidade de Doha, capital do Catar, em 2001, com conclusão prevista para 2005. O objetivo da Rodada de Doha é fortalecer o sistema multilateral de comércio.

O jornal diz que Amorim não acha impossível que até julho a rodada de Doha dê um salto e que chegue ao fim após as eleições nos Estados Unidos. "Não imediatamente, mas uns seis meses depois, mais ou menos", estimou o chanceler brasileiro.

Segundo o Financial Times, Amorim criticou a posição americana sobre a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) ao dizer que os EUA resistem em remover suas barreiras comerciais, o que faz o mercado americano continuar fechado para todos os produtos que o Brasil tem interesse de vender.

"Ao contrário da Alca, Amorim disse que já houve muito progresso nos acordos bilaterais entre a União Européia e o Mercosul", relata a reportagem londrina. A UE estaria interessada no avanço de Doha, mas o jornal afirma que ela talvez seja a única disposta a fazer cortes nos incentivos a exportadores agrícolas.