<>Artur Cavalcante
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os milhões de famílias brasileiras que sobrevivem do artesanato também alcançam com seus produtos o mercado externo hoje. Ao todo, o setor movimenta R$ 28 bilhões por ano, o que representa quase 2,8% do Produto Interno Bruto nacional, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Uma pesquisa da Organização Mundial de Turismo mostra que o custo para criar um emprego no artesanato é comparativamente menor. Com apenas R$ 50, garante-se matéria-prima e trabalho para um artesão, enquanto para gerar um único emprego na indústria automobilística brasileira são necessários R$ 170 mil.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae – lança hoje, Dia do Artesão, um site totalmente voltado para o artesanato brasileiro. São 700 peças artesanais de todo o país, dispostas numa espécie de catálogo eletrônico. Cada produto tem uma ficha completa, sua origem e o contato do artesão que o produziu. A coordenadora do Programa Sebrae de Artesanato, Patrícia Salamoni, acredita que o site será um elo de ligação comercial direta entre produtores e compradores. "A proposta é promover o artesanato brasileiro", disse. O Programa Sebrae de Artesanato atua em cerca de mil municípios nos 27 estados, assessorando a 90 mil artesãos já cadastrados no sistema.
São milhões de famílias brasileiras que se mantêm com a produção artesanal. Muitas envolvem quase todos os familiares em uma arte passada de geração pra geração. É o caso de Socorro Paz de Lima. Ela e o marido, Eunílson Alves de Lima, possuem uma barraca na Feira da Torre, em Brasília, onde vendem os panos, cortinas, almofada e outros produtos de renda e bordado confeccionados em casa. Ao todo, entre sobrinhas, irmãs e filhos, 23 pessoas estão envolvidas na produção. Socorro conta que aprendeu ainda menina o ofício do fio e da agulha com a mãe, que aprendeu com sua avó. Ela reclama, porém, que está precisando baixar os preços para conseguir vender. "A gente tinha um preço fixo há quatro anos, mas precisamos baixar. O lucro que temos é muito pouco e só dá para nos manter", lamenta a artesã.
A Voz do Brasil produziu uma série de reportagens na primeira semana de março, com exemplos de pessoas que tiveram sucesso em empreendimentos artesanais por todo o país. Em Maria da Fé (MG), a principal fonte de renda dos 14 mil habitantes vem de produtos feitos a partir da fibra de bananeira. Luminárias e jarros são exportados para vários estados e para países como os Estados Unidos e a Alemanha. A coordenadora do trabalho dos artesãos na cidade, Ivone Martins, vê o artesanato como uma espécie de agente empregador. "A gente acredita que, se trabalhar os artesãos de forma organizada, você tem como gerar renda e melhores condições de vida para os produtores, você consegue fazer um Brasil melhor", disse à Voz do Brasil.