Milena Galdino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Há exatamente um ano, as tropas norte-americanas se preparavam para atacar o Iraque com a justificativa de encontrar armas de destruição em massa, produzidas pelos técnicos do governo Saddam Hussein. A "certeza" de que elas existiam era baseada num relatório do Pentágono e do departamento de Inteligência dos EUA.
A gestão Bush amarga 566 mortes de soldados norte-americanos, a maior parte ocorrida após ser declarado o fim da guerra, em 1º de maio. Há ainda 3.254 feridos que carregam a bandeira de Bush. As demais baixas do lado aliado somam 100, sendo 59 os mortos de origem britânica.
O exército americano promoveu no Iraque uma busca minuciosa, tendo capturado até mesmo o líder máximo do regime deposto, Saddam Hussein. Apesar disso, os soldados americanos não conseguiram mostrar ao mundo o que foram buscar lá, segundo Bush: armazéns de bactérias antrax e gangrena, da toxina Botulinum e do rícino, de gás lacrimogêneo e sarin, do rotavírus (causa diarréia) e do fungo do trigo, entre as armas de destruição enumeradas pelo departamento de Defesa americano. A não ser pelo antrax, a possibilidade de morte em massa causada pelas demais é pequena, se houver tratamento médico.
Agora, o medo contagia os aliados que compraram a guerra do presidente George Bush. A Espanha viu três vagões explodirem em Madri há uma semana. Itália, Austrália, Polônia e, claro, o Reino Unido, estão em alerta máximo.
Incidentes como o atentado de Madri e o aparente suicídio de David Kelly – especialista britânico em armas que acusou seu governo de ter aumentado o tamanho da ameaça iraquiana para justificar o envio de suas tropas ao Oriente Médio – despertaram os cidadãos dos países aliados para suspeitas de que não estavam diante de uma guerra, e sim de uma invasão.
Pouco depois da morte de Kelly, mais de 60% dos britânicos achavam que seu primeiro-ministro, Tony Blair, havia sido desonesto acerca dos relatórios sobre armas de destruição em massa. No caso espanhol, o partido socialista ganhou as eleições em que o Partido Popular, do atual primeiro-ministro Jose María Aznár, era o favorito.
O temor de que amanhã, o primeiro aniversário da chegada de tropas ocidentais no Iraque, seja um dia sangrento em vários lugares do mundo, foi sintetizado em uma entrevista concedida pelo brigadeiro Martin Dempsey ao jornal The Washington Post. "No primeiro aniversário da invasão, os extremistas islâmicos são a principal ameaça à segurança de Bagdá", disse o general, responsável pela tropa que controla a capital iraquiana.
Ele estima que haja, em Bagdá, cem terroristas vindos de outros países. O restante das milícias seria composto por religiosos sunitas que perderam o poder com a queda de Saddam Hussein. Eles promovem ataques a comboios aliados, e as suas bombas, segundo cálculos americanos, já mataram cerca de mil pessoas.
O grupo, supostamente ligado ao poderoso partido do ex-presidente, o Baath, pode estar sendo financiado pelos terroristas estrangeiros. Agora, os EUA estudam a fundo a ligação desses cem homens com a rede Al Qaeda.
Com informações da CNN.