''Há desestímulo na produção de leite com crise na Parmalat'', segundo CNA

18/03/2004 - 17h45

Brasília, 18/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A crise gerada pela Parmalat no Brasil está desestimulando a produção de leite. A avaliação é resultado de uma pesquisa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Dos 1142 produtores entrevistados, 22% pretendem reduzir a produção e 25% querem diversificar as atividades, como produção de grãos e pecuária de corte. Outros 44% pretendem manter a produção e 6% desejam aumentar a produção. Dos consultados, apenas 6% responderam que eram fornecedores exclusivos da Paramalat, e destes, 74% tinham créditos vencidos a receber.

O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim, avalia que a intenção de redução da produção coincide com um aumento da participação brasileira no mercado internacional. "É preocupante essa situação porque estamos em um momento em que o Brasil está se tornando competitivo e ocupando espaço no mercado internacional. E estamos tendo uma ameaça da redução da produção", afirma.

Segundo a CNA, no primeiro bimestre deste ano, o Brasil importou 7,1 mil toneladas de lácteos, registrando queda de 59,5%, na comparação com as 17,4 mil toneladas importadas em igual período do ano passado.

As exportações somaram 4,7 mil toneladas, com redução de 19,2% na comparação com as 5,6 mil toneladas de lácteos exportadas nos dois primeiros meses do ano passado. "Esses dois primeiros meses do ano não foram positivos, mas tivemos esse mesmo cenário no ano passado e houve recuperação durante o ano. Em novembro do ano passado, tivemos um superávit na balança comercial e pela primeira vez fomos exportadores líquidos de produtos lácteos no Brasil", afirma.

Segundo Alvim, o Brasil exporta produtos lácteos para mais de 30 países, entre eles Angola, Emirados Árabes, Nigéria, Estados Unidos e Chile. "Apesar desse ser um setor que mais tem subsídios, o Brasil está conseguindo exportar, principalmente leite em pó e condensado", acrescenta Alvim. Segundo ele, o valor gasto com subsídios, no mundo, é maior do que o valor exportado pelos países produtores. A produção mundial de leite é de 480 bilhões de litros, por ano, sendo que 5% é exportado.