Brasília, 16/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, garantiu que o Rio de Janeiro, cujo governo defende a construção de uma refinaria em lugar do oleoduto, nada perderá com a construção da obra. Ele informou que somente em participação especial e royalties, o Rio recebe atualmente R$ 4,5 bilhões por ano. A projeção para 2006 e 2007, com o aumento da produção e a auto-suficiência de petróleo, é que o estado receba R$ 6,9 bilhões, além de políticas compensatórias com ações sociais.
Para o secretário de Energia, Construção Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, o oleoduto de 723 quilômetros (dos quais cem quilômetros no mar), entre o Rio de Janeiro e São Paulo - para ligar plataformas marítimas de petróleo e áreas terrestres dos dois estados - trará elevado ônus para o estado fluminense, traduzido em perda de receita, possibilidade de riscos ambientais e geração de empregos apenas durante um curto espaço de tempo de construção do oleoduto. Victer disse que o oleoduto passará por oito reservas ambientais e cem rios, que respondem pela quase totalidade do abastecimento de água do Rio de Janeiro, havendo um grande risco de acidentes ambientais.
Pela proposta, a Petrobras pretende transportar diariamente da Bacia de Campos um milhão de barris por navio e 700 mil barris por meio do duto. Atualmente, são transportados por dia 1,5 milhão de barris por navio e 150 mil barris por duto. No entanto, o governo do Rio de Janeiro levanta objeções ao oleoduto, afirmando que a obra afetará o meio ambiente.
O presidente da Comissão Geral, deputado Arnaldo Chinaglia (PT-SP), informou que vai sugerir ao presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), a criação de uma comissão externa para acompanhar no Rio de Janeiro a discussão sobre a construção do oleoduto da Petrobras. A comissão deverá ter uma mesma proporção de parlamentares favoráveis e contrários à construção do oleoduto.
A maioria dos deputados, que ocupou a tribuna da Câmara dos Deputados, defendeu, além da construção do oleoduto ligando o Rio de Janeiro e São Paulo, a construção de uma nova refinaria no Rio de Janeiro, havendo apenas algumas divergências de caráter político local devido às filiações partidárias. Oficialmente, a Petrobras somente decidirá pela construção da refinaria em 2008, segundo o diretor de serviços da estatal, Renato Duque. Ele disse que o funcionamento das novas plataformas da bacia de Campos, previsto para 2007, ficará comprometido se o projeto não for executado.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) do Rio de Janeiro, Reynaldo Rocha Barros, disse que o órgão que representa é favorável à construção do oleoduto, porque essa tecnologia pode ficar retida no Rio de Janeiro.