Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os policiais federais, em greve há oito dias, velaram, simbolicamente, durante parte da manhã de hoje, em frente à sede da PF, em Brasília, o corpo do ministro da Justiça, Márcio Thomáz "Basta", como é chamado pelos organizadores do movimento. A manifestação, segundo o comando de greve, é para mostrar que a paralisação da categoria está mais viva do que nunca e que o ministro da Justiça não representa mais o canal de negociação que os policiais esperavam.
Um caixão de madeira amarela, rodeado por "viúvas" vestidas de preto, com véus negros, e cercado de coroas de flores, permaneceu no local até o início da passeata/cortejo fúnebre que se deslocou rumo ao Ministério da Justiça, onde outra manifestação estava programada: um "enterro", também simbólico. A Assessoria de Comunicação do Ministério da Justiça informou que não vai se manifestar sobre os últimos atos de protesto dos grevistas.
A nova tática do comando de greve em todo o país, que deve começar amanhã (17), será uma operação-padrão em todos os aeroportos brasileiros, revistando bagagens de passageiros estrangeiros e identificando todos os passageiros de vôos nacionais, conferindo documentos e passagem aéreas. A decisão do comando de greve está relacionada à "intransigência do governo em não querer negociar", segundo o presidente da Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef), Francisco Garisto. Ele garantiu que a greve só termina depois que o governo ceder e negociar.
Agentes, escrivães e papiloscopistas reivindicam equiparação salarial de nível superior com delegados e peritos, como define a Lei 9.266, de 1996.
O comando de greve garante que 100% do efetivo estão paralisados em todos os estados, com exceção dos 30% salvaguardados pela Lei de Greve. De acordo com o presidente da Fenapef, o efetivo de 30% será mantido nos serviços essenciais sem, no entanto, contar mais com as presenças dos agentes, escrivães e papiloscopistas. "O trabalho só será realizado com delegados, peritos e pessoal administrativo", afirmou. Por sua vez, a Assessoria de Imprensa da Polícia Federal informou que, oficialmente, a corporação reconhece que pelo menos 70% do efetivo estão de braços cruzados.
Com relação às notícias que dão destaque à continuidade das investigações dos casos Waldomiro Diniz e Operação Anaconda, o presidente da Fenapef salientou que "essa é mais uma inverdade e uma cascata política, uma vez que os delegados não têm condições de levar à frente esse tipo de investigação". Sobre a prisão do empresário Sérgio Naya, dono do edifício Palace II, que desabou há seis anos no Rio de Janeiro, Garisto disse que os responsáveis pela operação foram policiais federais que trabalham dentro do efetivo dos 30% da Lei de Greve.