Juliana Cézar
Repórter da Agência Brasil
Brasília, 16/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - Representantes da indústria espacial e dos centros de pesquisa em aeronáutica querem participar da retomada do programa espacial brasileiro. Para eles, o acidente em Alcântara deve servir como estímulo para o aumento de investimentos na área. Hoje, os estudos têm se concentrado nos institutos de pesquisa e desenvolvimento do governo federal, coordenados pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Professor de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, o inglês Michael George Maunsell conta que o interesse dos alunos na área é crescente. "Eles sabem que todos os países que têm projetos espaciais perderam foguetes e, infelizmente,
tiveram acidentes com mortes", diz ele. "Acredito que os brasileiros são auto-críticos
o suficiente para analisar o que aconteceu em Alcântara e conseguir tirar dali ensinamentos
para melhorar os projetos."
Os empresários do setor espacial também defendem a continuidade das atividades espaciais
no país. Hoje, existem 25 empresas atuando no segmento, com um total de 2 mil empregados,
em um parque tecnológico de 130 mil m². As indústrias produzem parte do material utilizado nos veículos de sondagem e satélite.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Aeroespaciais (Abia), Walter Bartels, os contratos das empresas com o governo federal somam cerca de R$ 10 milhões. "Para que possamos ampliar a produção, precisaríamos que esse valor fosse triplicado", defende Bartels. "Com isso, vamos produzir o material necessário para realizar, do espaço, estudos fundamentais na área agrícola e de conservação da Amazônia."
Presidente da AEB
Logo após a apresentação do relatório final sobre o acidente na Base de Alcântara, o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Luiz Bevilacqua, disse que serão tomadas medidas para reforçar a interação entre os órgãos envolvidos no programa espacial. Bevilacqua também revelou que há interesse do governo em ampliar as parcerias com o setor industrial. "A agência vai fazer de tudo para incorporar a indústria nesse novo processo. Essa parceria pode acelerar a fabricação dos protótipos, inclusive do VLS", acredita ele.