Juliana Cézar
Repórter da Agência Brasil
Brasília, 16/3/2004 - Após a apresentação do relatório sobre o acidente na base de Alcântara, no Maranhão, o ministro da defesa, José Viegas Filho, convidou representantes da comunidade científica para participar de uma comissão que irá rever o programa espacial do país. O físico Ennio Candotti, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), aceitou o desafio. Segundo ele, em abril a instituição promoverá um encontro sobre o assunto na Universidade de Campinas (Unicamp).
A reunião servirá para que cientistas da área analisem minuciosamente o relatório sobre Alcântara e apresentem propostas para melhorar os projetos espaciais desenvolvidos hoje no Brasil. "Precisamos construir uma base de cooperação civil, militar e industrial. As investigações sobre Alcântara, feitas com muita transparência, revelam um conjunto de falhas que deixaram um trabalho complexo ainda mais perigoso", avalia Candotti.
Para ele, uma das principais normas de segurança que deveria ter sido observada no Maranhão diz respeito ao número de pessoas próximas a um veículo lançador de satélites prestes a ser acionado. No momento do acidente, 21 técnicos trabalhavam na plataforma.
"Temos que rever esses protocolos para não desperdiçar o nosso potencial científico e a localização geográfica brasileira", alerta o presidente da SBPC. "Somos um dos poucos países que pode lançar um satélite na altura da linha do Equador de onde, parado, o aparelho consegue fotografar extensas áreas, gerando dados importantes sobre recursos naturais e telecomunicações."