Brasília, 15/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A agenda bilateral entre Brasil e Argentina é o tema do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, da Argentina. Eles terão um jantar privado hoje à noite, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Amanhã (16), pela manhã, os entendimentos em torno de assuntos comuns continuam.
Marcado durante a reunião do G15, na Venezuela, em fevereiro, o encontro dá seqüência à estratégia anunciada pelos dois presidentes ao proclamarem o "Consenso de Buenos Aires", em outubro do ano passado. O documento é um conjunto de 22 itens que pressupõe o respeito às convenções e tratados internacionais.
Em um dos trechos, o Consenso de Buenos Aires expressa "que a administração da dívida pública deve ter como horizonte a criação de riqueza e de emprego, a proteção da poupança, a redução da pobreza, o fomento da educação e da saúde, bem como a possibilidade de manter políticas sustentáveis de desenvolvimento econômico e social".
O encontro acontece no momento em que a Argentina renegocia a dívida de US$ 88 bilhões com credores privados. Na semana passada, quando a Argentina chegou a ameaçar não pagar sua dívida durante as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo brasileiro entrou em cena para intermediar, com o presidente Lula telefonando pessoalmente para os líderes dos países desenvolvidos.
Antes, durante a visita do ex-diretor gerente do Fundo, Horst Köhler, ao Brasil, no dia 29 de fevereiro, Lula propôs ao FMI flexibilização nos termos dos acordos com países em desenvolvimento. Um dos pleitos é que investimentos em infra-estrutura não sejam contabilizados como gastos.
O Consenso também reforça a disposição de avançar nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) a partir do Mercosul, respeitando as particularidades econômicas e culturais de cada país, outro assunto presente na conversa de hoje.
Quando assinou o Consenso, Lula chegou a qualificar o episódio como "o momento mais importante" da história das duas nações. Lula e Kirchner selaram o compromisso de trabalhar juntos pela integração da América do Sul e pelo desenvolvimento econômico dos países da região.
Acompanham Kirchner ao Rio de Janeiro os ministros da Economia, Roberto Lavagna, e das Relações Exteriores, Rafael Bielsa. Com Lula, participam os ministros da Fazenda, Antônio Palocci, do Planejamento, Guido Mantega, e das Relações Exteriores, Celso Amorim.