Aloisio Milani
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O embaixador da Argentina no Brasil, Juan Palbo Lohlé, que acompanha o presidente Nestor Kirchner em visita ao Rio de Janeiro, afirmou que há "pontos coincidentes" entre os dois países nas negociações da dívida. "Ambos possuem acordos com o FMI, cujas considerações tratam como despesas os investimentos feitos em infra-estrutura, saúde e educação, o que poderíamos chamar de investimento social".
O embaixador concorda com as posições do presidente Lula de negociar com líderes mundiais a alteração dessas regras. "Para nós, por exemplo, construir um hospital é um investimento, não uma despesa. Para o Fundo, construção de hospitais é despesa. Essa é a diferença fundamental", explicou Lohlé.
Em entrevista por telefone, o embaixador não adiantou os pontos de discussão entre os presidentes da Argentina e Brasil. "Nesse encontro vamos trocar experiências e idéias para ter a possibilidade de fazer algo diferente. A situação do Brasil é muito diferenciada da Argentina, então só será uma aproximação em torno de pontos comuns", afirmou. Mas, hoje, os jornais argentinos davam como certos um acordo comum para negociar a alteração das regras com os organismos internacionais de crédito, entre eles o FMI.
Juan Pablo Lohlé também discordou da posição do escritor portenho Adolfo Perez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Esquivel afirmou que a Argentina "não devia pagar a parcela da dívida, porque ela é injusta e também porque o FMI pressiona os governos sem se interessar pelas condições de vida da população".
Segundo o embaixador, a Argentina acertou ao continuar negociando a reestruturação da dívida externa. "Perez Esquivel é um homem de grande personalidade, mas acho pessoalmente que a situação da Argentina ficaria pior ainda. As melhores condições para o país não é deixar de pagar a dívida e, sim, encontrar as melhores condições para pagá-la. E estas são as condições possíveis para que o país possa se desenvolver.
Na semana passada, Kirchner decidiu não decretar o calote e pagar a parcela de US$ 3,15 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).