Centrais sindicais lançam campanha para reduzir jornada e criar novos empregos

15/03/2004 - 17h14

Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - A redução da jornada regular de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas poderá gerar pelo menos 1,8 milhão de novos postos de trabalho. A previsão é das centrais sindicais, que lançaram hoje, na Assembléia Legislativa de São Paulo, a "Campanha Unificada pela Redução da Jornada de Trabalho sem Redução de Salário".

Seis centrais sindicais participaram do lançamento: Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT), Confederação Geral dos Trabalhadores(CGT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e Social Democracia Sindical (SDS). Elas defendem a medida como uma instrumento para a redução do desemprego.

Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), em 2003, 18.314.855 trabalhadores com carteira assinada no Brasil tinham jornada entre 41 e 44 horas. O estudo mostra que se houvesse a redução para 40 horas semanais, 3,97 horas de cada trabalhador estariam disponíveis para criar um novo posto de trabalho.

Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) indica que além da redução das horas trabalhadas, a redução das horas extras permitiria a criação de cerca de 2,8 milhões de novos postos de trabalho.

Na questão da geração de empregos, as duas maiores centrais sindicais, a Força e a CUT, concordam com a redução da jornada. Segundo Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, "a proposta tem por objetivo gerar empregos, e isso é importante para as centrais, mas é, principalmente, para os trabalhadores".

Luiz Marinho, da CUT, entende que essa medida "é uma necessidade para a criação de empregos, mas também para partilhar a produtividade conquistada pelos trabalhadores e pela sociedade brasileira".

Os dois sindicalistas concordam que o governo deve apresentar propostas para gerar emprego, reduzir os juros e sinalizar com indicadores que apontem para o crescimento econômico, "além do que está sendo amarrado pelo atual patamar dos juros praticados no país". O ponto de discordância entre CUT e Força, no entanto, refere-se à política econômica. Paulo Pereira da Silva foi categórico ao afirmar que o governo Lula deveria demitir o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Segundo ele, o presidente do BC, "está a serviço no Brasil do FMI".

Marinho disse que não entra no mérito de comentar troca de uma ou outra "peça". Para ele, o governo tem de fazer sua avaliação. Marinho reiterou que a cobrança não pode ser feita a partir de um nome."Costumo cobrar do governo, mas não através do ministro Palocci (Fazenda), e sim do presidente Lula, a necessidade da retomada do crescimento da economia. Cabe ao governo avaliar se Meirelles é um impedimento para esse crescimento. Não entro nessa de pedir a cabeça desse ou daquele, não seria um bom procedimento", disse Marinho.