Vice-ministro diz que Angola quer se manter independente em relação a interesses externos

12/03/2004 - 14h41

Iara Falcão
Repórter da Agência Brasil

- O vice-ministro da Cultura de Angola, Virgílio Coelho, destacou, nesta sexta-feira, em Salvador, que Angola fará de tudo para se manter independente em relação a qualquer interesse de fora. A afirmação é uma resposta ao interesse norte-americano de implantar bases militares na África, sob alegação de suspeita de presença de organizações terroristas no continente africano, inclusive da Al-Qaeda. Acredita-se que por trás dos interesses humanos dos norte-americanos, haja interesses econômicos, como a exploração de petróleo, presente principalmente em Angola e na Nigéria.

"Quanto ao petróleo e aos interesses hegemônicos dos Estados Unidos, nós consideramos que o nosso país fará tudo para se manter independente em relação a todo tipo de interesse, a todo tipo de desígnio que venha de fora", enfatizou o vice-ministro.

Virgílio Coelho disse que o governo angolano está atento para o que acontece nos países africanos e que uma vez conquistada a independência junto aos portugueses em 1975, os angolanos querem manter essa conquista.

Para o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, as intenções norte americanas aparecem num momento em que as reservas petrolíferas dos Estados Unidos estão relativamente baixas e que o controle sobre o Iraque – um dos países que possui maior número de reservas de petróleo do mundo – não está garantido. Por isso, a África se apresenta como uma alternativa. "Acredita-se que toda a política norte-americana não vai conseguir estabilizar o Oriente Médio, e sem estabilizar o Oriente Médio, é preciso ter reservas alternativas, e estas estão na América Latina e na África", afirmou.

O vice-ministro de Angola se solidarizou com os espanhóis, repudiando os atentados contra estações de trem em Madri, na Espanha, onde morreram quase 200 pessoas. "A primeira coisa que devemos dizer é que nós estamos contra o terrorismo, venha de onde vier". O vice-ministro participa do Seminário Internacional sobre Cultura e Desenvolvimento dos Países de Língua Portuguesa, promovido pelo Ministério da Cultura do Brasil, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).