Rosamélia de Abreu
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O trabalho infantil doméstico ocorre no país desde os tempos do Brasil Colônia. Dados da Organização Internacional do Trabalho – OIT indicam que mais de 500 mil crianças e adolescentes estão envolvidas com o trabalho doméstico no País.

Para a socióloga da Universidade Federal da Bahia, Vanda Sá Barreto, o uso de mão-de-obra infantil está associado à trajetória do trabalho escravo e por isso atinge mais crianças negras do que brancas. A explicação, segundo ela, é que a elite brasileira não achava digno trabalhos manuais da casa e utilizava as crianças para executar esses serviços.

Além disso, completou, ainda existe no Brasil uma cultura de que trabalhar é melhor do que ficar na rua. "As camadas populares e a classe média vê o trabalho infantil como única forma de manter o adolescente longe marginalidade. Como se a opção do pobre é ser marginal. Esse olhar é cruel. É preciso reconstruir esse imaginário da população. Lugar de criança é na escola. Não ao trabalho infantil , direito ao sonho, a alegria de brincar", enfatiza a socióloga.

A socióloga acredita que é preciso chamar a sociedade brasileira à consciência social. "O trabalho infantil doméstico é digno de um País que pretende fazer parte das nações desenvolvidas? Você obedece a Legislação Trabalhista? Pare para pensar e veja se isto, se é correto estabelecer este tipo de relação".