Mattoso anuncia que crédito comercial da Caixa vai subir 50% neste ano

12/03/2004 - 17h29

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, anunciou hoje crescimento de 50% na oferta de crédito comercial em 2004, com a colocação de R$ 30 bilhões no mercado.

Lembrou que, no ano passado, a instituição conseguiu também elevar o crédito comercial em 25%, "em parte porque nós apostamos no crescimento econômico e na mudança do quadro econômico entre junho e julho, quando se inicia o processo de redução das taxas de juros".

O presidente da Caixa afirmou, ainda, que esse aumento do crédito aconteceu ao mesmo tempo em que melhorou o "rating" (avaliação de risco) desses créditos, cuja análise no final de 2003 era muito melhor do que no passado recente.

Jorge Mattoso apresentou, esta semana, aos analistas da ABAMEC (Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais do Rio de Janeiro) os resultados financeiros da Caixa relativos ao exercício de 2003, "que foram extraordinários, os melhores da história dessa velha instituição", com lucro líquido de R$1,6 bilhão.

Segundo informou, a Caixa conseguiu pela primeira vez, nos últimos dez anos, colocar todos os recursos disponíveis na área de habitação e saneamento, totalizando cerca de R$ 6,5 bilhões, sendo R$ 1,7 bilhão em saneamento e o restante em habitação.

Em 2004, a Caixa está dobrando esses recursos, colocando R$11 bilhões nas duas áreas. Serão R$ 8 bilhões para habitação e R$3 bilhões para saneamento. "Isso significa o esforço da Caixa no sentido de alavancar o crédito e investimento", afirmou. Somados aos R$ 30 bilhões do crédito comercial, a Caixa Econômica estará disponibilizando este ano cerca de R$41 bilhões.

O vice-presidente da Caixa, João Carlos Garcia, informou que o crédito da instituição na área comercial é pulverizado. Para pessoa jurídica, em sua grande parte, micro e pequenas empresas, o crédito é, em média, de R$5 mil, e no crédito pessoal (pessoa física), a média é de R$1 mil.

Garcia revelou que, em 2003, a Caixa foi uma grande indutora da redução dos juros bancários, porque a Caixa reduzia os juros praticamente na mesma hora que o Banco Central decidia por diminuir a taxa Selic.

Mattoso acredita que haverá demanda pelo crédito comercial da Caixa. Um dos resultados do crescimento econômico é a melhoria do emprego e da renda das pessoas e da demanda por crédito, analisou. "Isso foi comprovado ao longo de 2003. O fato do crédito da Caixa ter crescido 25%, enquanto a média do mercado ficou quase estagnada é um indicativo de que existe uma demanda reprimida e espaço para o crescimento econômico. E não existe crescimento sem crédito". Os R$30 bilhões de crédito terão em sua maioria como clientes pessoas físicas, informou.

A Caixa começou, no segundo semestre de 2003, a emprestar dinheiro para pessoa jurídica, muito no setor de bens de capital, que é um dado fundamental para se avaliar se vai haver retomada do crescimento no ano, explicou João Carlos Garcia.

Os números obtidos em janeiro e fevereiro deste ano também mostram que a Caixa está emprestando muito mais para investimentos em bens de capital, mais do que imaginava para capital de giro.