Greve de policiais cria transtornos para passageiros no aeroporto de São Paulo

12/03/2004 - 17h03

São Paulo, 12/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - Pelo quarto dia consecutivo, a greve dos policiais federais tumultuou a vida dos passageiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, de vôos nacionais e internacionais. Os mais afetados são os passageiros que pretendem viajar para fora do país. Das 6h40 às 23h59 de hoje, deverão ser realizadas 94 operações de embarque e 103 de desembarques.

No saguão, a cena se repete desde a última terça-feira, quando começou o movimento. Filas enormes de passageiros, que estão tendo de antecipar a chegada ao terminal de embarque nos vôos internacionais em 4 horas. Apesar desse prazo duplicado em relação aos dias normais, os atrasos nas decolagens têm se mantido em torno de uma hora e meia, segundo a Infraero.

A operação padrão, deflagrada por melhores condições de trabalho por policiais federais, impôs um ritmo mais lento no atendimento na alfândega. A única mudança ocorreu, no início da tarde, em relação aos usuários com destino à Madri, na Espanha. Esses passageiros tiveram prioridade no atendimento, uma decisão tomada para evitar transtornos a eventuais parentes de vítimas dos atentados ocorridos ontem naquele país.

Mas muitos que estavam na fila da companhia Ibéria, uma das três que operam essa rota, iriam apenas fazer escalas em Madri. Acompanhado de um casal de filhos, que ficariam no Brasil, Eric Kleinfeld, de 47 anos, mecânico de montagem de estandes de exposições internacionais, estava na fila do balcão da empresa para confirmar a sua viagem para Berlim, na Alemanha, onde mora atualmente. Ele teve mais sorte do que os demais passageiros de outras rotas, não demorando nem meia hora nesta primeira etapa do processo de embarque e como os companheiros de vôo ficou em local separado na hora de passar pela revista dos agentes federais, tendo preferência no atendimento.

Numa fila que ocupava mais da metade do saguão, a religiosa Irene Amattos, da Ordem das Claretianas, lamentava não ter tido a idéia de ter retornado antes à Austrália, onde mora. Ela contou que veio ao Brasil, em dezembro último, para passar férias com a família e participar de reuniões de trabalho da congregação, além de revisar publicações suas em torno de assuntos da teologia. "Se soubesse teria marcado o meu vôo antes porque não posso chegar depois dessa data", disse, temendo a possibilidade de perda de sua conexão de Londres para a Austrália.

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais, Francisco Carlos Sabino, informou que a greve tem a adesão de 85% dos policiais no Estado e 6% no interior. Essa paralisação, segundo ele, envolve 7 mil servidores.

Neste domingo, a categoria deve discutir a estratégia para estender o movimento para os vôos nacionais.