Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Antônio Celso Queirós, disse que o projeto de reforma agrária do governo Lula não é mais tão claro quanto no início. Segundo ele, o governo falava, inicialmente, em um milhão de assentados por ano e, agora, afirma que serão 100 mil, no mesmo período. Outro problema, na avaliação de dom Celso, é o aparente enfraquecimento da integração entre a distribuição de terra e a assistência continuada aos assentados. "O plano não foi desfigurado, mas não é tão claro como estava no plano original. Eu não estou decepcionado, porque o plano não foi totalmente desfigurado. Eu estou mais preocupado com a demora", comentou.
Em reunião da comissão permanente da CNBB, concluída nesta sexta-feira, os bispos discutiram também temas como bioética, reforma política e eleição. O presidente da CNBB, dom Geraldo Majella Agnelo, disse que a entidade ainda não tem uma opinião sobre a reforma política porque ainda não existe um projeto fechado sobre o assunto, tanto no debate feito pelo governo quanto pelos parlamentares, mas que a Igreja está acompanhando as discussões.
Sobre o financiamento público de campanhas, dom Majella disse que essa pode ser uma alternativa para lidar com a corrupção eleitoral. Na avaliação da CNBB, o principal problema do sistema político brasileiro é a falta de oportunidade de participação política igualitária a todos os segmentos sociais.
Na questão da bioética, a CNBB defende que as pesquisas com células-tronco não ferem a ética se essas células forem obtidas por outras formas que não pelo embrião. "A ética da Igreja Católica, por ser a favor da vida, é contra a obtenção de células-tronco a partir da eliminação de embriões humanos. De fato, o embrião já é uma vida humana", defendeu dom Majella.