Rio, 10/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, foi hoje à Assembléia Legislativa do Rio para reafirmar aos parlamentares e ao governo do estado que a construção do oleoduto ligando a Bacia de Campos a São Paulo é um bom negócio para o povo fluminense.
O governo fluminense teme que o oleoduto inviabilize a construção de uma refinaria no norte do estado. De acordo com a Petrobras, o transporte de um milhão de barris de petróleo por dia de Campos para São Paulo continuará sendo feito por navio, mesmo depois da construção do oleoduto, que tem previsão para começar a operar em 2007. A estatal informou que o oleoduto vai permitir uma alternativa importante no escoamento da produção.
Para ressaltar a importância que o Rio tem para a empresa, Dutra lembrou os investimentos da estatal na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense. No ano passado, a Petrobrás investiu R$ 602 milhões em obras de modernização da refinaria, e para este ano estão previstos mais R$ 602 milhões. Em 2003, segundo Dutra, a Petrobrás pagou ao governo do Rio R$ 4,5 bilhões em royalties.
O presidente da Petrobras reafirmou que o projeto de construção do oleoduto não afeta a implantação de uma nova refinaria, nem a competitividade do Rio na produção de petróleo. Ele ressaltou que o projeto, que exigirá investimentos de R$ 4,6 bilhões, dos quais R$ 4 bilhões serão gastos no Rio de Janeiro, é um investimento que tem de ser iniciado agora, enquanto o da refinaria pode esperar.
Os argumentos de Dutra a Empresa foram rebatidos pelo secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Vícter. De acordo com ele, o aumento da oferta de óleo em São Paulo fará com que o Rio perca a preferência na disputa pela construção de uma refinaria, uma vez que a vantagem do estado de estar próximo da produção deixa de existir. O governo do Rio também não abre mão, segundo ele, de licenciar o projeto ambiental do oleoduto e não quer correr riscos com possíveis vazamentos nos dutos.
Victer também discordou da afirmação de Dutra de que a construção do oleoduto não está vinculada à implantação de uma nova refinaria. "Quando você direciona um duto, o direciona em função do parque de refino", disse. Ele lembrou que o Rio é responsável por 83% da produção de petróleo do país, mas só refina 12% dessa produção, enquanto São Paulo, que produz muito menos, refina 44% de toda a produção nacional de petróleo. "A construção desse oleoduto representa uma enorme vantagem para São Paulo, que vai poder ampliar o seu parque de refino", frisou o secretário.