Brasília - Contrários a pontos da Reforma Política em tramitação na Câmara, PTB, PP e PL fecharam um acordo para garantir que a Mesa Diretora da Câmara retire a urgência constitucional da proposta e faça com que o texto seja analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Pelo acordo, os três partidos entram a partir de hoje em obstrução e impedem a votação de quaisquer matérias em plenário. "Se não tivermos tempo de analisar o texto na CCJ, não vamos votar nada, porque consideramos a reforma política lesiva para o nosso partido", explicou o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ).
Segundo o parlamentar, os três partidos discordam do financiamento público de campanha, da votação em listas partidárias e da redução da cláusula de barreira de 5% para 2%. O primeiro ponto é o mais criticado. "O país não tem dinheiro para sustentar o Fome Zero, e vamos usar R$ 5 bilhões para financiar campanha de vereador e deputado? O Waldomiro erra e o povo brasileiro paga a conta. Financiamento público, nós somos contra", disse.
Já a votação em listas partidárias, segundo o deputado, só interessa ao PT, porque aumentará sua participação na Câmara. O parlamentar questiona a mudança no sistema eleitoral e garante contar com o apoio da população para manter a votação nos candidatos. "Lista? O povo agora vai deixar de votar no candidato que conhece para votar numa lista? Isso só interessa ao PT. Pergunte ao povo se ele quer votar num candidato ou numa lista", afirmou.
Roberto Jefferson garante que o acordo de obstrução não representa uma crise na base aliada. O parlamentar argumenta que os três partidos apenas estão usando mão de instrumentos regimentais legítimos para garantir que não sejam esmagados pelos partidos maiores. Ele criticou a posição do PT de negociar mesmo com partidos da oposição uma maneira de votar a reforma rapidamente. "Companheirismo é na alegria e na tristeza. Eu não acho leal vir com a oposição para nos esmagar, mas a briga é pontual. Nosso problema é a reforma política. Resolvido isso, vamos votar", disse.
PTB, PP e PL contam com 150 deputados na Câmara. O número é quase um terço do total de parlamentares (513), o que significa dizer que é impossível dar continuidade a qualquer votação sem a presença dos três partidos em plenário. A Câmara está com a pauta trancada por 17 Medidas Provisórias.
(Raquel Ribeiro/Iolando Lourenço)