Brasília - O governo argentino enviou ontem à noite uma carta ao Fundo Monetário Internacional rechaçando as exigências do FMI para aprovar a segunda revisão do acordo assinado em setembro do ano passado, informa hoje o jornal eletrônico argentino El Clárin.
A Casa Rosada - sede do governo - espera uma resposta oficial de Washington para definir se paga ao FMI os US$ 3,1 bilhões, parcela da dívida de US$ 12,5 bilhões que vence nesta terça-feira.
Segundo o Clarín, consultado ontem à noite o presidente Nestor Kirchner mantinha disposição de não pagar a dívida que representa 20% das reservas totais do Banco Central do país e ficar inadimplente também com o FMI, a exemplo do que fez a Argentina em dezembro de 2001 quando deixou de pagar parte da dívida com os credores privados.
"Tudo já foi dito, está tudo muito claro. Não mudei minha decisão", disse o presidente argentino quando consultado sobre a possiblidade de pagar ou não a dívida.
Fontes do governo citadas pelo Clarín não descartam a possibilidade de um acordo de última hora e o ministro da Economia, Roberto Lavagna, ainda tinha esperanças numa gestão do Tesouro dos Estados Unidos em favor da Argentina.
Exigências
O ministro Lavagna conduziu as negociações com o FMI que culminaram nessa segunda-feira com a recusa argentina em aceitar as condições impostas para a renovação do acordo. As exigências do FMI foram ratificadas, ainda segundo o Clarín, pelos representantes, na diretoria do Fundo, dos sete países mais ricos do mundo - o G-7.
O FMI exige, principalmente,a edição de um decreto formalizando a criação de um comitê de bancos com a função de renegociar o pagamento da moratória junto aos credores privados e que o governo argentino fixe a data para o início da renegociação. Trata-se de uma dívida em bônus de US$ 88 bilhões, cujos pagamentos foram suspensos em dezembro de 2001.