Brasil trocará informações com o Chile sobre a situação do Haiti

09/03/2004 - 20h34

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Brasil vai receber nos próximos meses informações do Chile sobre a situação política no Haiti até que sejam enviados os soldados brasileiros que vão se integrar à força de paz das Nações Unidas no país. O Chile já enviou tropas militares ao Haiti para ajudar na estabilidade política e no controle da grave crise desencadeada por milícias contrárias ao governo. A intenção do Ministério da Defesa brasileiro é, com base nas informações repassadas pelos chilenos, fazer uma avaliação sobre a situação no país e os riscos da futura ação militar brasileira no país.

A colaboração foi oferecida na tarde de hoje pela ministra da Defesa do Chile, Michelle Bachelet, durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. "Tendo em vista que o Chile enviou tropas para o Haiti nessa primeira fase de operações de estabilização, a ministra oferece o intercâmbio de informações que nos permitirá ter uma avaliação muito mais precisa da evolução da situação no local, uma avaliação de risco, uma avaliação do relacionamento que se estabelece com a população local", ressaltou o ministro da Defesa, José Viegas.

A troca de informações, segundo o ministro, será feita por meio de órgãos militares e diplomáticos do Chile e do Brasil.

O governo brasileiro pretende enviar 1.100 soldados para ajudar na segunda fase das ações no Haiti, quando a força de paz das Nações Unidas for ajudar a reconstruir o país. "Se estima, num primeiro momento, em 1.100 homens. Mas é necessário aguardar as definições que o secretário-geral da ONU está por fazer, e ele especificará o tamanho da força, o mandato que terá, e sua estrutura. À nós corresponde esperar isso para mensurarmos a nossa participação exata", ressaltou Viegas.

A ministra chilena disse que a contribuição do Chile fortalece a relação entre os dois países. As informações oferecidas ao governo brasileiro, segundo ela, serão de natureza diversa. "Vamos compartilhar informações desde as logísticas, até as culturais, que permitam que as forças brasileiras se movam da melhor maneira", ressaltou Michelle Bachelet.

Sobre a indicação do Brasil para chefiar as forças de paz da ONU no Haiti, feita na semana passada pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, a ministra disse que os chilenos "veriam com bons olhos" essa sugestão. O Chile também foi um dos países mencionados pela ONU para ser o possível comandante das tropas de paz no Haiti, na segunda etapa de ações no país. O ministro José Viegas, mais cauteloso, preferiu não comentar a possível indicação chilena para o comando - uma vez que as Nações Unidas ainda vão definir o formato do trabalho das forças de paz. "Não estão definidas as bases das forças. Seria prematuro conversar sobre isso agora", disse.