Marina Domingues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O convidado especial do Ministério da Educação (MEC) para contribuir com as discussões da Reforma Universitária, o professor e economista, Martin Carnoy, da Universidade de Stanford (EUA), disse não "entender" como, no Brasil, os pobres pagam universidades e os ricos não.
"Vocês têm um sistema muito interessante: os pobres pagam e os ricos não pagam. Para mim, é muito interessante, é original!", disse o professor durante sua apresentação na primeira audiência pública organizada pelo MEC para discutir o assunto.
Apesar da afirmação, Carnoy voltou atrás e explicou que, de certa forma, a universidade acaba sendo financiada pelos impostos recolhidos posteriormente pelo governo.
"Não é um problema tão grande, quando a gente paga os impostos depois, sobre a renda e, naturalmente, os burocratas e empregados pagam impostos. Muita gente que faz a universidade paga impostos depois", disse ele.
O professor, que publicou vários livros relacionando educação à economia, destacou ainda, que para atingir a qualidade, as universidades precisam se firmar em quatro pilares fundamentais: manter-se como celeiro de futuros líderes do país, manter sua pesquisa científica, aumentar os padrões de conhecimento e ensino e ainda garantir a formação de bons professores para os demais níveis de ensino (fundamental e médio).
"É impossível elevar, aumentar a qualidade da educação para o resto sistema de ensino, sem a formação de mestres e professores na universidade", afirmou ele.
Para o ministro da Educação, Tarso Genro, a participação de um crítico do atual sistema das universidades brasileiras é importante para enriquecer o debate, mas frisou que, ao contrário de propor a cobrança de mensalidades, o governo pretende expandir ainda mais a educação superior pública.
"Nós estamos trabalhando é na ampliação da universidade pública e na ampliação de vagas públicas, ou seja, uma universalidade muito maior do que o próprio pagamento", argumentou o ministro.
Genro ressaltou, ainda, que o MEC estará trabalhando em três principais ações: audiências com especialistas, participação de membros do grupo executivo da reforma em eventos e debates organizados pelo próprio ministério para elaborar e enviar a proposta ao Congresso Nacional até novembro.