Em 2005, diz ministro, meta é obter um superávit que seja variável com o crescimento econômico

02/03/2004 - 9h39

Brasília - A maneira como o Brasil economiza divisas para alcançar o superávit primário (receitas menos despesas excluindo o pagamento de juros) não é adequada e, de acordo com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o país deve procurar uma alternativa "mais correta" de equacionar seus compromissos.

Em 2005, o país deverá trabalhar com um novo conceito de superávit primário. "O que vamos fazer no ano que vem não é reduzir nem aumentar o superávit, é introduzir a idéia de um superávit que seja variável com o crescimento econômico. O Brasil cresce muito, guarda mais recursos. Se um ano ele tiver dificuldades econômicas, ele não cobra mais impostos da sociedade, piorando as dificuldades, mas ele pode gastar aquilo que guardou para investimentos e para normalizar a situação do país. Então, é uma maneira mais adequada, mais correta de fazer superávit", disse Palocci em entrevista ao programa Bom dia Brasil.

O ministro da Fazenda ressaltou a importância de se atingir o superávit primário. Segundo ele, esta é a melhor maneira de equilibrar a dívida, reduzi-la ao longo do tempo, e dispor de mais recursos para investir. "O que o Brasil realiza ao longo das décadas em termos de superávit ou déficit não é um procedimento adequado. Normalmente, o país economiza mais nos momentos de crise e gasta mais nos momentos de crescimento e de boa arrecadação. Deveria ser o contrário", explicou.

Palocci comparou a economia feita pelo país ao orçamento familiar e acrescentou que o ideal é economizar para dispor de mais recursos para investir. "Se você, num determinado momento, está ganhando melhor, você guarda um pouco de dinheiro, para se um dia você tiver uma dificuldade grande, você ter aquela reserva para gastar. O Brasil faz ao contrário, quando está bem gasta muito, quando está mal faz mais reservas, cobra da sociedade mais impostos e piora a situação da economia do país", reforçou.