ACM diz que Almeida Lima acionou ''alarme falso'' e defende José Dirceu

02/03/2004 - 17h50

Ana Paula Marra e Raquel Ribeiro
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL/BA) manifestou-se hoje contrário à postura do senador Almeida Lima (PDT-SE), pela fragilidade da denúncia contra o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, no plenário do Senado. ACM criticou o senador por ter acionado um "alarme falso" sobre o caso Waldomiro Diniz e o possível envolvimento do ministro. "José Dirceu é um homem íntegro. Defendo-o porque já fui administrador público e sei que as pessoas não podem ser punidas por atos de subordinados", afirmou o senador, acrescentando que o fato de hoje só serviu para fortalecer a imagem do ministro José Dirceu. "Seu eu pudesse eu erguia uma estátua para o senador Lima, pois ele foi o primeiro a defender Dirceu", ironizou.

Almeida Lima voltou a se defender e insistiu que as suas denúncias foram gravíssimas. "Elas comprovam a ligação de Dirceu com Waldomiro e não se baseiam em matérias on line lidas por mim, como afirmam muitos", reiterou. Segundo ele, todos os fatos revelados hoje são novos e justificam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para tratar do caso.

Sobre a instalação da CPI destinada a investigar as denuncias de corrupção do ex-assessor da Casa Civil, José Agripino (PFL/RN) disse ser necessária. "O povo está aguardando explicações. Se elas não vierem, a sociedade ficará frustrada, deixará de acreditar no governo Lula", defendeu Agripino.

Com relação ao movimento negativo de hoje no mercado, em função da promessa de denúncias comprometedoras por parte de Almeida Lima, Agripino fez críticas. "Se este fato movimentou o mercado de forma negativa, fica comprovada a fragilidade do governo", disse.

O autor da proposta de criação da CPI Waldomiro é o senador Antero Paes de Barros (PSDB/MT). Até agora já foram colhidas 21 assinaturas a favor de sua criação. Antero ainda não revelou os nomes que defendem a CPI. Para fazer o seu pedido formal, ainda faltam seis assinaturas, projeto a ser alcançado até o final desta semana, segundo Antero de Barros.

Paralelamente à movimentação da CPI Waldomiro, a base do governo trabalha para impedir a realização da CPI dos Bingos, sugerida por um membro da base aliada, senador Magno Malta (PL/ES). O parlamentar está sendo esperado em Brasília pela líder do PT, Ideli Salvatti (SC), para uma reunião na qual tentará convencê-lo a esperar pela aprovação da MP dos Bingos para só então decidir sobre o pedido da CPI. Malta disse que conta com o apoio de 33 senadores, sete do PT. Mas ontem à noite, em jantar na casa do senador Tião Viana (PT/AC), os petistas decidiram retirar os nomes da lista que pede a CPI.