Lula homologa terra dos índios Munduruku

01/03/2004 - 16h24

Brasília, 1/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto homologando a terra indígena Munduruku, de Jacareakanga, no Pará. Na área, de 2,381 milhões de hectares, vivem sete mil índios. O decreto de homologação foi publicado no Diário Oficial da União de sexta-feira passada (27)

A homologação coroa o processo de preservação da cultura Munduruku, luta que se arrasta desde a década de 40, quando a 2ª Inspetoria Regional do Serviço de Proteção do Índio requereu ao governo paraense uma reserva de terras para esses índios. Na época, foram demarcados apenas cerca de 510 mil hectares.

Durante vários anos os índios reivindicaram a ampliação do seu território, já que a área era insuficiente para a reprodução física e cultural do grupo. Em 1977, estudos respaldaram as reivindicações dos índios e a terra indígena foi delimitada já com uma superfície próxima da atual. Mas foi apenas 21 anos depois que o território foi declarado como posse permanente dos Munduruku. Os limites da reserva foram demarcados em 2002.

As primeiras referências aos Munduruku, povo do grupo Tupi, datam do século XVIII, e registram a extensa área por eles habitada, entre os rios Madeira e Tocantins. O povo ficou conhecido por sua tradição guerreira, fama constatada pelos relatos dos comandantes das expedições organizadas para destruir os aldeamentos da comunidade ao longo dos rios Madeira, Tapajós, Xingu, Pacajá, Jacundá e Tocantins.

As informações sobre os Munduruku se tornam ainda mais numerosas durante o século XIX, quando militares como o capitão Francisco Ribeiro, Antonio Ladislau Monteiro Baena, coronel Cerqueira, além de viajantes e naturalistas que percorreram a região, testemunham a presença do grupo.

A história dos Munduruku é marcada pela participação na Cabanagem, revolução ocorrida na década de 1930, contra os cabanos do Tapajós e Madeira. Eles também tiveram participação em inúmeros conflitos que se estenderam dos anos da Independência até o movimento nativista de 1832 e a cabanagem.

As informações são do Ministério da Justiça